domingo, 20 de abril de 2014

OS DEZ FATORES


 

 Os Dez Fatores encontrm-se expressos no capítulo Hoben (meios) do Sutra de Lótus e sua compreensão constitui um dos pontos fundamentais do Budismo de Nitiren Daishonin.Sua importância é tal, que, ao orarmos o Gongyo, todas as manhãs e todas as noites, repetimos três vezes os Dez Fatores.

Eles são:

Nho-ze-so – Aparência

Nho-ze-sho – Natureza

Nho-ze-tai – Entidade

Nho-ze-riki – Poder

Nho-ze-sa – Influência

Nho-ze-in – Causa Interna

Nho-ze-en – Relação

Nho-ze-ka –Efeito Latente

Nho-ze-ho – Efeito Manifesto

Nho-ze-hon –ma-ku-kyo-to – Consistência do início ao fim              

 

Mas, afinal, por que entender os 10 fatores?

 

Todos nós, a cada momento de nossas existências, manifestamos um dos dez Estados de Vida (Inferno, Fome, Animalidade, Ira, Tranquilidade, Alegria, Erudição, Absorção, Bodhisattva e Buda). Os Dez Fatores, por sua vez, elucidam como cada um de nós manifesta cada um dos Dez Estados de Vida,  pois além das  características inerentes ao próprio indivíduo, como a aparência, a natureza, abarcam  a influência que cada indivíduo exerce sobre seu ambiente, e todas as consequências advindas desta  relação, como o efeito latente, o efeito manifesto e por fim, a compreensão de que todas estas etapas possuem consistência do início ao fim.

Mas vamos entender os dez fatores mais a fundo:

1)      Nho-ze-so (Aparência) – Tudo o que existe no universo, possui uma aparência, uma forma física.

2)     Nho-ze-sho  (Natureza) – “O essencial é invisível aos olhos.”, já diria Antoine de Saint-Exupéry em “O pequeno príncipe. Isso significa que cada ser vivo possui um substrato emocional, composto de virtudes e defeitos, as quais, muitas vezes, não podem não ser apurados apenas pela aparência.

3)      Nho-ze-tai (Entidade) – A entidade é o ser em si, composto de aparência e natureza.

4)      Nho-ze-riki (Poder) – O poder aqui deve ser entendido como a força propulsora, a energia que te move.

5)      Nho-ze-sa (Influência) – Diz respeito à influência que exercemos sobre o nosso ambiente.

6)      Nho-ze-in  (Causa Interna) – A maneira como direcionamos o nosso poder cria uma causa, uma causa interna, que nada mais é que o acúmulo dos nossos carmas plantados uma existência após outra.

7)      Nho-ze- en (Relação) – Como o próprio termo indica, constitui a relação entre essas causas internas ou essa energia acumulada em estado de latência e as causas externas.

8)      Nho-ze-ka (efeito latente) – A relação de nossas causas internas com o meio, cria um efeito latente, ou seja, uma energia silente, invisível aos outros, que fica aguardando o momento exato de se manifestar. É como uma semente de uma planta que ainda não germinou.

9)      Nho-ze-ho  (efeito manifesto) –São os fenômenos passíveis de serem observados, de seresm identificados. É a planta que germinou, é a árvore que cresceu e deu frutos.

10)   Nho-ze-hon-ma-ku-kyo-to  (consistência do início ao fim) – Podemos entender este termo da seguinte forma: Início – refere-se à causa. Fim – Refere-se ao efeito. Todo efeito possui uma causa e toda causa possui um efeito. Todos estes dez fatores possuem uma consistência, um liame, um nexo causal que não é quebrado.

 

Vamos compreender isso através de um exemplo: uma pessoa que está triste, possui uma aparência (nho-ze-so), obviamente! Um aspecto externo, que muitas vezes pode ser belo, exuberante, e que não manifesta o seu interior depressivo, ou seja, sua natureza (nho-ze-sho). As características de sua personalidade, inclusive a tristeza que carrega consigo, mais a sua aparência constituem uma entidade (nho-ze-tai). Esta entidade possui um poder (nho-ze-riki), uma energia propulsora que a condiciona a agir, ainda que esta energia esteja reduzida em razão do sofrimento.Este poder exerce uma influência (nho-ze-sa) sobre seu ambiente e sobre todos à sua volta, fazendo com que este ambiente vibre na mesma sintonia que aquela pessoa, no caso, numa sintonia baixa.

        Ok, a energia emanada por esta pessoa, que vive mergulhada em intenso sofrimento, pode, por si só ser  o efeito de inúmeras ações passadas, mas também consiste na causa de imensos sofrimentos futuros, e sua vida em si, se torna uma causa interna (nho-ze-in).Esta causa interna possui uma relação (nho-ze-en) com o ambiente criando causas externas que, a princípio, criam um efeito latente (nho-ze-ka) , ou seja, uma energia invisível, silente, que fica aguardando a formação de condições externas favoráveis para se tornar um efeito manifesto (nho-ze-ho), concretizando-se, no caso do exemplo dado, na geração de novas situações negativas que inspirem mais dor e mais sofrimento. Mas, observando-se todo este ciclo cármico, percebemos que ele possui uma consistência do início ao fim (nho- ze- hon-ma-ku-kyo-to), um elo, um nexo causal, eis que  possui uma causa (início) e um efeito (fim).

        Neste sentido, os Dez Fatores constituem um princípio que nos permite compreender o movimento da vida em si, ampliando a nossa consciência de que a vida não é separada de seu ambiente , princípio que no budismo conhecemos como esho funi (inseparabilidade da vida e do meio), e que o ambiente responde às nossas condições internas. Mas isto já é papo para um outro artigo...Até mais!

        



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