O GOHONZON: A MANDALA DA LEI MÍSTICA
O Gohonzon fo inscrito por Nitiren Daishonin em 12/10/1279, após a conhecida perseguição de Atsuhara, onde vinte camponeses que praticavam o budismo de Nitiren, foram coagidos a abandonar a sua fé, sendo três deles executados. Este acontecimento incitou Daishonin a inscrever sua própria vida em uma mandala, com caracteres chineses, onde expôs, ao centro, em posição vertical, a Lei Mística (Nam-myo-ho-rengue-kyo).
Além da Lei Mística, o Gohonzon é composto pelo nome de várias divindades budistas, budas e bodhsattvas, representando, desta forma, todo o universo. Diante dele, oramos todos os dias e todas as noites o Daimoku e o Gongyo. No início da prática budista, muitas pessoas oram olhando fixamente para uma parede lisa. O fato de não possuir o Gohonzon, não impede que a pessoa obtenha benefícios. Entretanto, ter o Gohonzon em casa é de extrema importância e já- já saberemos o por quê.
Sobre a relevância do Gohonzon, afirmou Nitiren Daishonin em uma carta endereçada a Myoshin-ama:
“Este Gohonzon é o coração do Sutra de Lótus e os olhos de todas as escrituras. É como o Sol e a Lua no céu, um poderoso governante na Terra, o coração de um ser humano, a jóia da concessão dos desejos entre os muitos tesouros e o pilar de uma casa.”
E continua:
“Quando se abraça este mandala, todos os budas e deuses juntam-se ao redor da pessoa, acompanham-na dia e noite, como os guerreiros guardam seu soberano, como os pais amam seus filhos, como os peixes precisam da água, como as árvores e plantas anseiam por chuva, ou como os pássaros dependem das árvores. Deve confiar nele com todo o seu coração.”
Para compreendermos a importância de ter o Gohonzon consagrado em casa, devemos, de antemão, entender um conceito budista chamado Kyoti myogo, que significa fusão do sujeito e do objeto por meio da Lei Mística. Em termos práticos, significa que, quando oramos ao Gohonzon, nós fundimos o nosso microcosmo com o macrocosmo que é o próprio Universo inscrito no Gohonzon. Seria como se fôssemos gotas d’água se fundindo em um imenso oceano.
A gota d’água contém em si, todas as propriedades do oceano, entretanto, se for jogada contra um muro, não produzirá nenhum efeito. Da mesma forma, nós contemos no interior de nossas vidas o Estado de Buda, entretanto, não podemos manifestá-lo porque nossa mente encontra-se embaçada pela escuridão fundamental e por nossas tendências cármicas.Orando com sinceridade e fé o Daimoku e o Gongyo diante do Gonhonzon, fundimos nossa vida (a gota de água) ao Universo (o oceano).
Ieyassu Hase, na Revista Terceira Civilização, edição de Fevereiro/2007, afirmou: ”Sinteticamente, podemos dizer que realizamos a fusão do sujeito com o objeto quando estamos orando e nada tira a nossa concentração, quando manifestamos infinita alegria no coração e a sabedoria para não sermos influenciados por nada que tenta nos levar a baixos estados de vida.”
Vou dar um outro exemplo para elucidar melhor a importância de se ter o Gohonzon. Façamos o seguinte teste: pense em alguém que você gosta (amigo, parente, namorado (a), etc...). Pensou?Agora segure fixamente este pensamento durante 05 minutos, agora 10 minutos, agora meia hora, agora duas horas. Difícil né?A nossa mente, naturalmente se dispersa antes de completarmos os cinco minutos. Outros pensamentos dominam nossa mente: os problemas do dia-a-dia, as contas pra pagar e por aí vai.
Mas quando você está perto de alguém que gosta, dependendo da intensidade de seu sentimento, todo o seu corpo, mente e coração ficam voltados para aquela pessoa.
Da mesma forma, quando não possuímos o Gohonzon, fica mais difícil nos concentrarmos, e mantermos a determinação. Mas, quando oramos diante do Gohonzon, toda a nossa atenção, intenção, corpo, mente, sentimentos, ficam voltados para a nossa prática.
Outra questão importante de se salientar é o cuidado com a postura e com as roupas ao orar diante do Gohonzon, pois isso indica a seriedade com que cuidamos da nossa própria vida. Ao orarmos, estamos fazendo uma causa. Se oramos com qualquer postura e com qualquer roupa (biquini, pijama, cueca, etc...rs), isto indica a falta de seriedade e de comprometimento com que agimos em nossa própria vida e os efeitos colhidos serão correspondentes.
Por fim, em um Gosho intitulado “Resposta a dama Nitinyo”, Daishonin afirma:
“Nunca procure o Gohonzon em outros lugares.Ele somente pode habitar no coração das pessoas comuns como nós que abraçam o Sutra de Lótus e recitam oNam-myoho-rengue-kyo.”
Logo, com a convicção de que o Gohonzon é nossa própria vida, vamos orar com fé e convicção de que ao recitarmos o Daimoku e o Gongyo diante do supremos objeto de devoção, estamos alimentando a natureza de nossa própria vida e transformando o nosso carma de maneira profunda e essencial.
Maravilhosa a explanação! Parabéns!!!
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