quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

TRADUÇÃO DO GOHONZON

O Gohonzon é o supremo objeto de devoção no Budismo de Nitiren Daishonin. Isto porque é através dele que enxergamos nosso próprio estado de Buda. Segue abaixo a tradução dos caracteres contidos no Gohonzon.

GOSHO: Amenização do efeito cármico




“O Sutra Nirvana expõe o princípio de amenizar o efeito cármico. Se uma pessoa, na presente existência , não erradicar o carma negativo acumulado desde o passado, ela experimentará o sofrimento do inferno do futuro. No entanto, se enfrentar grandes obstáculos nesta vida [pelo Sutra de Lótus], o sofrimento do inferno se desvanecerá instantaneamente. E, quando morrer, essa pessoa obterá os benefícios dos mundos humano e celestial, e também dos mundos dos três veículos e do veículo único. Não foi sem motivo que o bodisatva Jamais Desprezar foi maltratado, difamado, apedrejado e agredido com bastões. Ele provavelmente havia caluniado o ensinamento correto no passado. A frase “quando os crimes tiverem sido erradicados”, indica que pelo fato do bodsatva Jamais Desprezar ter enfrentado perseguições, ele foi capaz de extinguir os crimes de existências anteriores.( Isto conclui meu primeiro ponto).”(Coletânea dos escritos de Nitiren Daishonin, vol. I, pgs. 207 a 209). (grifei)
Cenário Histórico
No quinto dia do décimo mês de 1271, Nitiren escreveu e enviou esta carta para os três principais discípulos: Ota Saemon, um funcionário do governo; ao sacerdote leigo Soya Kyoshin; e a ponte do Darma Kimbara. Provavelmente a carta foi enviada para expressar a gratidão de Nitiren pela visita que recebeu de um destes discípulos quando se encontrava detido na residência de Homa.
Esta carta foi escrita semanas depois da fracassada tentativa do governo de decapitar Daishonin em Tatsunokuchi. Nesta época uma onda de incêndios e assassinatos devastou Kamakura, sendo os seguidores de Nitiren Daishonin acusados destes crimes. Por esta razão, Nitiren Daishonin enviou uma série de cartas de incentivos aos seus seguidores que se encontravam abalados pelos acontecimentos.

Neste Gosho, Nitiren Daishonin elucida que os obstáculos encontrados por propagar o budismo de Nitiren Daishonin possibilitam à pessoa erradicar o carma negativo acumulado existência após existência, como também atingir o estado de Buda.

terça-feira, 18 de novembro de 2014

GOSHO: A CARTA DE SADO




“Aquele que escala uma montanha, mais cedo ou mais tarde terá que descê-la. Aquele que despreza o outro será desprezado. Aquele que despreza o outro, por este possuir uma bela aparência, nascerá com uma aparência feia. Aquele que rouba alimentos e roupas cairá infalivelmente no mundo dos espíritos famintos. Aquele que ridiculariza uma pessoa digna que observa os preceitos nascerá numa família pobre e de posição baixa. Aquele que calunia uma família que abraça o ensinamento correto nascerá num lar que mantém visões errôneas. Aquele que ridiculariza quem observa fielmente os preceitos nascerá como um plebeu e será perseguido pelo soberano. Esta é a lei geral de causa e efeito.
No entanto, meus sofrimentos não se atribuem a esta lei causal. No passado, desprezei os devotos do Sutra de Lótus. Ridicularizei também o próprio sutra, algumas vezes com exagero; outras com desdém – esse sutra, tão maravilhoso quanto duas luas brilhando lado a lado, duas estrelas juntas, um monte Hua sobre outro ou duas pedras preciosas juntas. É por isso que eu enfrentei os oito tipos de sofrimento mencionados. Normalmente, esses sofrimentos aparecem um de cada vez e perduram pelo infinito futuro. Porém, Nitiren denunciou os inimigos do Sutra de Lotus de maneira tão voraz que todos os oito sofrimentos se manifestaram de uma só vez. Isso se assemelha ao caso do camponês que tem uma enorme dívida para com o senhor do seu vilarejo e outras autoridades. Enquanto o camponês permanecer no vilarejo ou no distrito, ao invés de pressioná-lo sem piedade, seus credores talvez prolonguem o pagamento ano após ano. Porém, se o camponês tentar ir embora, eles o cercarão e exigirão que pague tudo de uma vez. A isso se refere o Sutra Parinirvana com a frase: “É pelo benefício obtido por proteger a lei.”
O Sutra de Lótus ressalta: “Haverá muitas pessoas ignorantes que o caluniarão e falarão mal de nós, que nos atacarão com espadas e bastões, pedras e telhas...recorrerão aos governantes, ministros, brâmanes, chefes de família e a outros monges e nos caluniarão...seremos banidos repetidas vezes. Se os ofensores não forem atormentados pelos guardiões do inferno, eles jamais conseguirão [pagar por suas faltas e] escapar do inferno. Se não for pelos governantes e ministros que agora me perseguem, eu não poderia erradicar meus crimes passados de calúnia ao ensinamento correto.”
Cenário Histórico
Esta carta foi escrita no vigésimo dia do terceiro mês de 1272, aproximadamente cinco meses após Nitiren Daishonin ter chegado ao local de exílio na Ilha de Sado. Daishonin a endereçou a Toki Jonin, um samurai e destacado serviçal do senhor feudal Chiba, comandante militar da província de Chimosa, a Saburo Saemon (Shijo Kingo), em Kamakura; e a outros fiéis seguidores.
(...)
Na última parte da carta, Daishonin oferece uma explanação abrangente sobre carma, ou destino. Declara que as dificuldades pelas quais passava naquele momento derivam das ações por ele cometidas contra o Sutra de Lotus numa existência anterior. Citando a si mesmo como exemplo, elucida aos discípulos o tipo de espírito e de prática que lhes permitirão transformar o carma. Ele completa dizendo que as pessoas que propagam o ensinamento correto do budismo com certeza enfrentarão oposições que, na realidade, representam oportunidades para transformar o carma. Aos que abandonaram a fé e passam a criticar,  Daishonin adverte que, por essas ações, essas pessoas sofrerão as piores consequências.Ele compara a falta de visão dessas pessoas aos vagalumes que ridicularizam o Sol.”( Coletânea dos escritos de Nitiren Daishonin, volume 1, pgs.324 e 325)



segunda-feira, 17 de novembro de 2014





Gostaria de fazer uma pequena ponderação sobre a palavra “fé”. Quando nos deparamos com este vocábulo, temos a tendência de o associarmos à crença cega em dogmas religiosos. Dogma, no caso, se refere a um conjunto de crenças impostas, para as quais não se admite contestação. Desta forma, a palavra “fé” traz consigo o ranço do fanatismo religioso, da crença cega, em oposição à ciência clara, lógica e precisamente racional.
Sim! Todas as vezes em que refletimos sobre a palavra fé, imediatamente imaginamos o seu oposto: a ciência, a racionalidade absoluta fundada na observação, na análise e no empirismo.
Outro dia, observando o significado que o dicionário confere à palavra fé, me deparei com esta definição: Adesão absoluta do espírito àquilo que se considera verdadeiro.”("fé", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/f%C3%A9 [consultado em 17-11-2014].)
Particularmente, considerei esta definição perfeita, pois difere o conceito de “fé” da aderência à alguma crença religiosa específica e associou o entendimento desta palavra ao conceito de verdade. Logo, fé é a crença ou adesão aquilo que para nós é considerado como uma verdade.
Para se tornar um cientista é preciso ter fé! Não digo fé em uma crença religiosa ou divindade específica, mas é preciso ter fé na ciência, entendendo-a como uma verdade. Para se tornar um advogado ou juiz, também é preciso ter fé. Neste caso, é preciso ter fé na justiça como uma possibilidade de convivência pacífica entre os homens. Para se casar é preciso ter fé nos próprios sentimentos e nos sentimentos da pessoa com quem se casa. Vou além, até para ser um político corrupto é preciso ter fé: a fé na ideia do ganho fácil, passando por cima de qualquer conceito ético. Posso ir um pouco mais além? Até para ser ateu, uma pessoa precisa ter fé: fé de que não existe nenhuma divindade ou ser superior.
Nos tornamos aquilo que acreditamos: a fé na ciência pode formar um cientista, a fé na justiça pode formar um juiz, a fé na educação pode formar um professor.
E você? No que tem fé?




O termo “Itai doshin”, significa: “diferentes corpos em uma única mente”, sendo que Itai traduz-se por “diferentes corpos” e doshin, “uma única mente”. Mas o que seriam diferentes corpos, em uma única mente? Significa a reunião de várias pessoas com o mesmo objetivo, comprometidas na realização de um mesmo projeto, embasadas por um mesmo ideal.
Mas sobre este princípio, seria interessante fazermos duas observações. Primeiro, a aplicação prática do Itai doshin implica na necessidade de se superar as diferenças impostas pela individualidade de cada um, em prol de um objetivo maior. Isto porque, em nossa sociedade, capitalista, individualista e competitiva, somos ensinados a nos compararmos ao outro ao invés de nos unirmos a ele, pois da comparação surge o desejo e do desejo surge a necessidade de se consumir mais, mais e mais. Sendo assim, fomos treinados a nos enxergarmos como indivíduos e não como um grupo, como um povo. Daí as dificuldades da aplicação prática do Itai Doshin, ou seja, a superação dos desejos e vontades individuais em prol de um objetivo que seja bom para todo o grupo. Não é preciso ir longe para observarmos isso, basta pensarmos nas sociedades profissionais, casamentos e grupos financeiros que a todo momento se constroem e se desfazem pela falta do espírito de Itai Doshin.
Outro aspecto interessante a ser observado quando se fala em Itai Doshin é a facilidade que as pessoas têm de se reunirem para a prática do mal e não para a prática do bem. Mas isto se relaciona com o estado de vida básico no qual se encontra nossa sociedade (sobre isso ver a publicação “Os dez estados de vida”.
Aplicando-se o princípio do Itai Doshin ao budismo de Nitiren Daishonin, o objetivo comum buscado é o kossenf-rufu, ou seja, a concretização da paz mundial através da propagação do budismo de Nitiren Daishonin. Este foi o desejo do buda Nitiren Daishonin quando propagou intensamente o Nam-myoho-rengue-kyo, no século XIII, sofrendo toda sorte de perseguições.
Esse ideal nasce da percepção de que a união de várias pessoas com base na fé no Sutra de Lótus é capaz de provocar  uma onda de transformações, elevando o estado de vida básico de nossa sociedade.

O princípio do Itai Doshin nos remete à consciência do “nós” e do poder que emerge das ações realizadas pelo grupo, que mesmo que formado de pessoas com diferentes experiências de vida, sentimentos e pensamentos, é capaz de trabalhar na construção de um projeto em comum.

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

"Hosshaku Kempon"




Hosshaku Kempon termo japonês que significa “abandonar o provisório e revelar o verdadeiro”, constitui um dos mais relevantes princípios da prática budista. Isto porque foi revelado durante a chamada Perseguição de Tatsunokuchi, ocorrida em 12 de setembro de 1271. Desde que passou a expor os seus ensinos, indicando o Sutra de Lótus como o rei dos Sutras e pregando a recitação do Nam-myo-ho-rengue-kyo como a prática fundamental  para se atingir o estado de Buda, Nitiren Daishonin (fundador do budismo de Nitiren Daishonin), passou a sofrer diversas perseguições, sobretudo do clero, apoiado e patrocinado pelo governo da época.
Entretanto, a perseguição de Tatsunokuchi tomou uma importância fundamental. Na verdade, esta perseguição representou uma tentativa do governo local, apoiado pelo clero, de executar Nitiren na praia de Tatsunokuchi perto de Kamakura, a sede do governo militar. Foi no instante em que ia ser executado que um objeto luminoso rasgou o céu, de tal forma que a execução foi imediatamente cancelada devido ao pavor provocado por tal acontecimento. Sendo assim, a execução transformou-se em pena de banimento para a gélida ilha de Sado, local onde Nitiren compôs seus mais belos goshos (cartas).
Foi durante esta perseguição que Nitiren Daishonin abandonou sua identidade provisória e assumiu sua verdadeira identidade como Buda original dos Últimos Dias da Lei.
 Mas, “o que significa abandonar o provisório e revelar o verdadeiro”? Talvez a resposta para esta pergunta consista em entendermos quem realmente somos, pois a compreensão fundamental deste princípio envolve o entendimento do que somos numa perspectiva budista.
Dentro da ótica do budismo de Nitiren Daishonin, todos nós somos budas. Esta foi a revelação exposta no Sutra de Lotus, quando o buda Sakyamuni  questiona: “O que posso fazer para que todos adquiram o corpo de um buda?” Ocorre que, possuir o Estado de Buda não significa que manifestamos constantemente este estado de vida. Para comprovar isto, basta olhar o mundo à nossa volta e observar que nossa realidade composta de pessoas imersas na escuridão fundamental. Vou além: basta que observemos a nós mesmos e visualizemos onde reside a nossa própria escuridão. Mas...O que realmente significa manifestar o Estado de Buda?
Manifestar o estado de buda, certamente não significa levitar, ou manifestar poderes paranormais, ou algo ao estilo “x- man.” O estado de buda indica o mais elevado grau de consciência que um ser humano pode alcançar. E manifestá-lo requer uma transformação em nossa postura, entendimento e CONSCIÊNCIA. Aliás, aqui cabe uma pergunta: até que ponto estamos plenamente conscientes de nossas ações, palavras e pensamentos...E de nós mesmos?


domingo, 27 de julho de 2014

OS OITO VENTOS




A teoria dos Oito Ventos aparece no Tratado sobre o Sutra do Estágio do Estado de Buda:
“Um homem verdadeiramente sábio não será arrebatado pelos oito ventos: prosperidade, declínio, desgraça, honra, elogio, censura, sofrimento e prazer. Ele não se inflama com a prosperidade nem se desespera com o declínio. Os deuses celestes seguramente protegerão aquele que não se curva aos oito ventos.”
Na verdade, os "Oito Ventos" representam condições efêmeras que podem obstruir nosso caminho na prática do budismo. São eles: prosperidade, declínio, desgraça, honra, elogio, censura, sofrimento e prazer. 
Os oito ventos se dividem em quatro ventos favoráveis (prosperidade, honra, elogio e prazer) e os 4 ventos desfavoráveis (declínio, desgraça, sofrimento e censura).
Nossa mente oscila o tempo todo. Somos capazes de produzir milhares de pensamentos ao longo do dia. A teoria dos Oito Ventos revela, na verdade, uma série de fatores externos que exercem uma considerável influência sobre a nossa maneira de pensar e sentir.
Vivemos em um mundo denominado "Saha", palavra que em sânscrito significa resistência. Sendo assim, ao longo de nossas vidas experimentaresmos uma série de situações, tanto boas quanto ruins, dependendo do nosso carma. "A vida não é um mistério a ser desvendado,mas uma experiência a ser vivida." Já dizia o buda Shakyamuni.
Permitir que a nossa mente oscile sob a influência nefasta de experiências negativas ou que nosso ego se inflame diante das experiências positivas, tal como o galho de uma árvore que se curva diante do vento, seria como andar em uma montanha russa de emoções, o que nos conduziria com o passar do tempo à estagnação de nossa prática. Pois tanto cessaríamos o desenvolvimento de nossa prática diante do sofrimento quanto acreditaríamos ser desnecessário continuar praticando o budismo diante de uma realização efêmera.
A chave para a construção de um "eu" forte encontra-se na recitação diária do daimoku (Nam-myo-ho-rengue-kyo).
Pois o que precisamos, enquanto praticantes do budismo Nitiren, é desenvolver uma fé sólida, capaz de prevalecer e de se sobrepor às circunstâncias, pois estas inevitavelmente mudarão de uma hora para outra.
Isto não significa, por outro lado, que nossos corações ficarão petrificados diante das circunstâncias. Como seres humanos é natural que tenhamos e expressemos emoções. Mas significa que, independente do que acontecer ou deixar de acontecer, sabemos que é para o Gohonzon que voltaremos os nossos olhos, pois a nossa fé está alicerçada no daimoku.

domingo, 20 de abril de 2014

ESHO FUNI (UNICIDADE DE PESSOA E MEIO)



O Budismo de Nitiren Daishonin é construído com base em diversos princípios. Eu falarei sobre cada um deles nas próximas postagens do Blog, mas por enquanto, gostaria de falar sobre um princípio denominado Esho Funi, conhecido como unicidade entre pessoa e meio.
Primeiro vamos ao significado literal de Esho Funi: esho é a combinação das primeiras sílabas de e-ho e sho-ho. Sho-ho  representa o ser. E-ho simboliza o ambiente que ampara e sustenta a vida. Funi, significa dois fenômenos. Ou seja: Esho Funi alude à inseparabilidade entre o ser vivo e seu meio, que são dois fenômenos que se unem e formam uma única entidade.
Bem, o princípio do Esho Funi, em termos práticos, nos remete à três conceitos importantes: ao de COMPATIBILIDADE, ao de RESPONSABILIDADE e ao de TRANFORMAÇÃO.
Com relação à COMPATIBILIDADE, podemos dizer que a vida se desenvolverá em um ambiente que lhe seja compatível. Nitiren Daishonin fez alusão a este conceito quando expôs:
“De acordo com o Sutra, se a mente das pessoas é impura, sua terra também será impura. Pelo contrário, se suas mentes são puras, assim será sua terra. Em uma palavra não há duas terras pura e impura ao mesmo tempo. A diferença está na mente, boa ou má, das pessoas."
Ou seja, quem influencia e agrega valor ao ambiente é o ser humano que nele vive. É o seu estado de vida quem determina as circunstâncias à sua volta, no seu trabalho, na sua casa, na sua escola/faculdade, enfim, no ambiente que frequentar.
Pois se as condições de nosso ambiente são determinadas por nós mesmos, isto nos remete à noção de RESPONSABILIDADE. Eu poderia dizer que toda a filosofia budista exposta por Nitiren Daishonin se assenta sobre o conceito primordial de responsabilidade. É uma noção difícil de digerir, porque é sempre mais fácil pôr a culpa no outro do que compreender que as circunstâncias em que vivemos foram criadas por nós mesmos.Em suma: nós possuímos a responsabilidade pelo ambiente que criamos.
Por último, a idéia de responsabilidade nos abre a possibilidade da TRANSFORMAÇÃO, pois se nosso ambiente é moldado pelo estado de vida emanado por nós mesmos, uma mudança significativa em nosso interior é capaz de provocar uma transformação profunda em nosso ambiente.
Logo, a elucidação do princípio do Esho Funi, na verdade, representa um convite para uma mudança em nosso interior, amparada na noção de responsabilidade e na manifestação da nona consciência, ou do estado de Buda.
Não obstante, Nitiren Daishonin, ao expor a unicidade da pessoa e meio ao elucidar a relação entre a terra pura e impura, expõe também uma solução baseada na transformação da mente, através da recitação do Nam-myoho-rengue-kyo: 
"Isso se assemelha a um espelho embaçado que brilhará como uma jóia quando for polido. A mente que se encontra encoberta pela ilusão da escuridão inata da vida é como um espelho embaçado, mas quando for polida, é certo que se tornará como um espelho límpido, refletindo a natureza essencial dos fenômenos e da realidade. Manifeste uma profunda fé polindo diligentemente seu espelho dia e noite. Como deve poli-lo? Não há outra forma senão devotar-se à recitação do Nam-myoho-rengue-kyo." 

O VERDADEIRO ASPECTO DO CARMA




Não raras vezes ouvimos alguém dizer: "Meu vizinho é meu carma"ou então"Meu filho é meu carma", ou ainda "Meu chefe é meu carma". Mas, afinal, o que significa carma?
A palavra carma vem do "sânscrito", e significa ação. Entretanto, este termo foi sendo transformado ao logo do tempo, passando a ser recepcionado sob uma perspectiva muito mais estática e fatalista, implicando em inúmeras circunstâncias, geralmente negativas, que se repetem de maneira cíclica, das quais não se pode escapar e pior, não se pode mudar. Nesta esteira, seríamos como marionetes em um jogo do destino, aguardando com resignação por uma sorte  que desconhecemos.
De fato, esta concepção parte de uma idéia não totalmente errônea: a de que nossas ações, palavras ou pensamentos criaram, em algum momento de nossas vidas, o nosso destino. Entretanto,o carma possui uma concepção muito mais profunda do que aquela que nos é apresentada pelo senso comum.
Em primeiro lugar, é possível sim transformar o destino, não importa quais causas foram criadas no passado.Em segundo, o carma possui uma  natureza muito mais proativa do que aquilo que imaginamos. As circunstâncias criadas pela energia cármica muito tem a dizer sobre nós mesmos, sobre a maneira como interagimos com o ambiente.
Ou seja, o carma, seja ele bom ou ruim, diz respeito não apenas às circunstâncias que experimentamos, mas também às nossas reações diante destas circunstâncias. Tais reações e as circunstâncias em que vivemos, criam padrões, que repetimos ciclicamente. E estes padrões podem estar sendo repetidos há inúmeras existências.
Um terceiro ponto, é que no exercício da prática budista, precisamos transformar o carma em missão. Ou seja, precisamos fazer com que as dificuldades, sejam elas quais forem, sejam transformadas e superadas através da energia vital e da sabedoria geradas com a prática do budismo. Isso servirá de força e motivação para todos aqueles que estiverem ao nosso redor.
Sobre isso, o presidente Ikeda informa:
"O Budismo elucida um princípio chamado Ganken Ogo [Transformar carma em missão]. Significa que uma pessoa que deveria renascer numa circunstância de felicidade, como resultado dos benefícios da prática budista, nasce em meio às pessoas infelizes mediante seu próprio desejo justamente para propagar a Lei Mística.
Se uma pessoa que vive como uma rainha, sem dificuldades ou problemas, disser que se tornou feliz graças à prática do Budismo, ninguém ficará surpreso. Contudo, quando uma pessoa doente, pobre e menosprezada por todos transforma sua vida por meio da prática budista, tornando-se feliz e líder na sociedade, estará comprovando brilhantemente a grandiosidade desse ensinamento. Com isso, provocará em todos o desejo de seguir essa prática da fé. Se uma pessoa que sempre sofreu de pobreza conseguir ultrapassar essa situação, causará uma grande esperança em todas as pessoas que passam pelo mesmo tipo de sofrimento na vida diária. "

AS MULHERES E O BUDISMO

 

    Este último dia 08/03/2013, comemoramos o dia internacional da mulher. Este dia foi dedicado a nós, mulheres, por relembrar um fato histórico, marcante e muito triste: no dia 08/03/1857, cerca de 130 operárias morreram carbonizadas em uma fábrica em Nova York, em reprimenda a uma manifestação, onde reivindicavam melhores condições de trabalho.

    Refletindo sobre este acontecimento, e sobre todos os outros atos de violência, sejam individuais ou coletivos, físicos ou psicológicos , contra as mulheres, surge a reflexão: como o budismo de Nitiren Daishonin  enxerga as mulheres?

    Nitiren Daishonin foi um monge que viveu no século XIII. Não obstante ter exposto sua filosofia em plena Idade Média, ele demonstrou uma visão bastante avançada (para sua época) sobre as mulheres, senão vejamos:

" A iluminação das mulheres é exposta como um modelo (para a iluminação de todos os seres vivos" e "Dentre os ensinamentos do Sutra de Lótus, aquele sobre as mulheres atingindo o estado de buda é o primeiro."    

    Em um escrito dedicado à monja leiga Toki, que enfrentava sérias dificuldades, sobretudo problemas de saúde, Daishonin declarou:

"Mas a senhora seguira o caminho da filha  do rei dragão (que é o epítome da iluminação das mulheres no Sutra de Lótus) e vai se reunir com a monja Mahaprajapati (a principal discípula de Sakyamuni).Que maravilhoso! Como é maravilhoso! Por favor, recite Nam-myoho-rengue-kyo, Nam-myoho-rengue-kyo, Nam-myoho-rengue-kyo!"

    Expor estes ensinamentos nos dias de hoje nos parece normal, mas, em pleno século XIII, apontar a possibilidade de ilumnação das mulheres representava uma afronta à uma sociedade essencialmente patriarcal. Uma sociedade que via as mulheres como seres frágeis, indefesos e pecaminosos, senão vejamos algumas frases que elucidam a visão que se tinha da mulher na Idade Média:

"A alma de uma mulher e a alma de uma porca são quase o mesmo, ou seja, não valem grande coisa.” (Arnaud Laufre).

“Toda mulher se regozija de pensar no pecado e de vivê-lo.” (Bernard de Molas).

“Quem bate numa mulher com uma almofada, pensa aleijá-la e não lhe faz nada” (Provérbio da época).

    De fato, Nitiren Daishonin acreditava a apostava na capacidade de suas discípulas e constantemente louvava o empenho e força que elas apresentavam na propagação do Sutra de Lótus. Esta confiança, antes de mais nada, se baseava na idéia de que cada ser humano possui, intrinsecamente,  o estado de Buda, independentemente do sexo, idade ou condição social.

    Hoje, nós, mulheres, conquistamos muitos avanços no mercado de trabalho, na sociedade e na família. Mas é certo que ainda temos muito o que conquistar em termos de respeito e confiança, dentro de nossa sociedade.Neste cenário, a filosofia budista  continua elucidando a força e coragem das mulheres, sobretudo no que diz respeito à sua atuação em prol do Kossen-rufu (a paz mundial):

 

"As mulheres são a personificação 

Da verdade. 

As mulheres são a própria vitória. 

Não importa quanto sejam enganadas ou 

Atacadas por forças malignas, Elas vencem no final. 

Venham! O Século das Mulheres 

Já Brilha Intenso,

O sol surge no Horizonte em lugar da 

Antiga luz opaca e pálida. 

O Século das Mulheres 

É realmente a época 

Do amadurecimento da Democracia."

(Daisaku Ikeda)

 

FÉ, PRÁTICA E ESTUDO: O TRIPÉ DA PRÁTICA BUDISTA!


Creia no Gohonzon, o supremo objeto de devoção de todo o Jambudvipa (o mundo inteiro).Fortaleça ainda mais a sua FÉ e receba a proteção de Sakyamuni, de Muitos Tesouros e dos budas as dez direções.Exerça-se nos dois caminhos da PRÁTICA e do ESTUDO. Sem eles, não pode haver budismo. Deve não somente perseverar em sua fé, mas também ensinar aos outros. Tanto a prática como o estudo surgem da fé. Ensine aos outros com o melhor de sua habilidade, mesmo que seja uma única sentença ou frase. “(Os Escritos de Nitiren Daishonin, Vol.5, pg.8).

 

Este gosho, escrito por Nitiren Daishonin, traz à tona os três pilares do budismo, que são a fé, a prática e o estudo. Estes três elementos coexistem, se complementam e se fortalecem, sendo preciso que os três estejam presentes para que se realize uma correta prática do budismo.Vamos entender isso?

 

FÉ 

 

Procurando uma definição de fé no dicionário eu encontrei esta aqui:  “Sentimento de quem acredita em determinados ideias ou princípios religiosos. = CRENÇA”"fé", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/f%C3%A9 [consultado em 16-02-2014].(grifei)

Sim, indubitavelmente a fé é um sentimento,e um sentimento experimentado por quem acredita. Neste sentido, a fé é o princípio fundamental da prática do budismo. Isso porque antes de mais nada, é preciso acreditar. E não apenas acreditar, mas “acreditar e abraçar” os ensinamentos do Buda. É preciso crer no Gohonzon como supremo objeto de devoção, como também no estado de Buda inerente em cada ser.

Só é possível ingressar no Estado de Buda por meio da fé, pois se você olha o Gohonzon com ceticismo, como poderá enxergar nele o espelho de seu estado de Buda? Sua prática perderia o sentido e seus esforços, a razão de ser.

Não obstante, Nitiren Daishonin sempre incentivava seus discípulos a ampliarem sua fé:

“Fortaleça sua fé dia após dia, mês após mês. Se enfraquecer mesmo um pouco, os demônios aproveitar-se-ão.”

“O Senhor deve crer no Sutra de Lótus tal como deseja ardentemente por alimento quando está com fome, ou por água quando está com sede, espera ansiosamente para ver seu amor, procura remédio para sua doença ou como uma linda mulher que deseja cosméticos.” 

“Sua mente, agora desnorteada pela escuridão inata da vida, é como um espelho embaçado, mas, se polir, é certo que tornar-se-á claro como cristal de iluminação das verdades imutáveis. Manifeste-se na prática da fé, polindo seu espelho incessantemente, dia e noite.”

Desta forma, tudo se inicia com a fé, que é  o sustentáculo para a:

PRÁTICA

 

A prática budista consiste em ações concretas e reiteradas, visando a transformação de si mesmo para a transformação do mundo à nossa volta. A prática, neste sentido, se evidencia de duas formas: a prática individual e a prática altruística.

A prática individual, corresponde à recitação do Daimoku (Nam-myo-ho-rengue-kyo) e Gongyo de manhã e à noite. Esta prática não deve ser encarada como uma obrigação, mas sua continuidade exige disciplina. As orações diárias visam o aprimoramento do próprio indivíduo através da elevação de seu estado de vida, o que constitui a base para a transformação de seu ambiente.

A prática altruística, consiste em apresentar o budismo de  Nitiren Daishonin à outras pessoas, incentivando-as a também praticar o budismo de Nitiren Daishonin, o que  conhecemos como fazer chakubuku (convidado). Tal prática tem como objetivo conduzir outras pessoas à felicidade absoluta, de forma a manifestar a mesma condição de vida do buda Nitiren Daishonin:

“Portanto, os que se tornam discípulos e seguidores leigos de Nitiren devem compreender a profunda relação cármica que compartilham com ele e propagar o Sutra de Lótus exatamente como ele faz.”

Portanto, as duas práticas (individual e altruística) se complementam e objetivam a transformação interior de cada indivíduo. Entretanto, elas precisam ser fortalecidas constantemente através do:

ESTUDO

 

O estudo tem por objetivo proteger o ensino correto dos princípios budistas e aprofundar a fé, de forma a dissipar as dúvidas.

No budismo de Nitiren Daishonin, o estudo tem como base a leitura dos goshos, que são as cartas constantemente enviadas por Nitiren Daishonin a seus discípulos, tendo em vista que estas contém a base e o fundamento da filosofia exposta por Nitiren Daishonin.

O estudo constante da filosofia budista também é importante para se evitar interpretações próprias que poderiam corromper a essência dos ensinamentos do buda Daishonin.

 O presidente Ikeda elucidou perfeitamente a conexão entre estes três elementos (fé, prática e estudo), os quais formam o tripé da prática budista:

“SE FALTA ENERGIA, FALTA DAIMOKU

SE HÁ CANSAÇO, FALTA GONGYO

SE HÁ DÚVIDA FALTA ESTUDO,

SE NÃO HÁ FELICIDADE, FALTA CHAKUBUKU.

A FÉ E A PRÁTICA SEM ESTUDO,

NOS LEVA AO FANATISMO;

A FÉ E O ESTUDO SEM A PRÁTICA,

NOS LEVA AO IRREALISMO;

A PRÁTICA E O ESTUDO SEM A FÉ,

NOS LEVA A ROTINA.

O BUDISMO É O CORPO,

E NÓS SOMOS A SOMBRA.”


Leia mais: http://o-portal-da-paz.webnode.com/news/fe-pratica-e-estudo-o-tripe-da-pratica-budista/

A HISTÓRIA DA SOKA GAKKAI


A Soka Gakkai Internacional (Sociedade para criação de valores) – SGI, é uma organização não governamental (ONG) filiada à ONU, que hoje, possui membros espalhados em 192 países e territórios, tendo como objetivo a promoção da paz e da cultura. Com base nos ensinamentos de Nitiren Daishon, a Soka Gakkai  parte da premissa de que a paz mundial só é alcançada por meio da Revolução Humana de cada pessoa.
Sua trajetória se inicia pelas mãos do educador Tsunessaburo Makiguti, passando pelo visinário Jossei Toda, chegando aos dias atuais, sob a liderança do dr. Daisaku Ikeda.
Encontrei dois sites interessantes que relatam a história da Soka Gakkai: http://examedebudismo.blogspot.com.br/2011/08/historia-da-soka-gakkai-admissao-e-1.html e http://www.bsportal.com.br/sgi/.

Boa leitura!

A VIDA DE NITIREN DAISHONIN



Nitiren Daishonin foi o fundador da corrente ou tradição budista que seguimos. Sua história de vida foi marcada por grandes acontecimentos, inúmeras perseguições e também incríveis comprovações. Encontrei um site muito interessante, que conta a trajetória de Nitiren Daishonin através de slides: http://www.maisbelashistoriasbudistas.com/buda.htm   e um vídeo postado no Youtube: http://www.youtube.com/watch?v=GRP_A_9be1Y

COMO ESTÁ A NOSSA PRÁTICA?




"Se falta energia, falta Daimoku;


Se há cansaço, falta Gongyo;


Se há dúvida, falta estudo;


Se não há felicidade, falta Chakubuku;


A fé e a prática sem estudo,


nos leva ao fanatismo;


A fé e o estudo sem a prática,


nos leva ao irrealismo;


A prática e o estudo sem a fé,


nos leva a rotina;


O budismo é o corpo,

e nós somos a sombra"

.
(Daisaku Ikeda)



Leia mais: http://o-portal-da-paz.webnode.com/news/como-esta-a-nossa-pratica-/

FELIZ MENTE NOVA!


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Hoje é dia 31/12. Amanhã começa um novo ano...Com a chegada do Ano-Novo, todos nós esperamos que alguma coisa mude em nossas vidas, ou melhor, que as nossas vidas mudem para  o melhor!Como se magicamente alguma coisa fosse mudar em nossas vidas, com uma simples mudança na data do calendário.

               Entretanto, segundo nos ensina o budismo de Nitiren Daishonin, toda e qualquer mudança em nosso exterior, depende de uma transformação interna, pois a nossa vida é reflexo do que emitidos. Não obstante, declarou o Buda Sakyamuni:”A vida é um eco. Se você não está gostando do que está recebendo., observe o que está emitindo.”Neste mesmo entendimento, ressalta Nitiren Daishonin: "De acordo com o Sutra, se a mente das pessoas é impurasua terra também será impura. Pelo contrário, se suas mentes são puras, assim será sua terra.Em uma palavra não existem duas terras pura e impura ao mesmo tempo. A diferença está na mente boa ou má das pessoas.”

             Sendo assim, como se encontra a sua mente? Você ainda pensa, age e fala com a mesma mente de quando o ano de 2013 começou? Se a resposta for sim,  como espera ter um ano de 2014 diferente?

            Praticamos o Budismo da Causa, então se quer colher efeitos diferentes, precisa fazer causas diferentes. Se quer que sua vida mude, algo precisa mudar dentro de você. Como já dizia o físico Albert Einstein: Fazer, todos os dias, as mesmas coisas e esperar resultados diferentes é a maior prova de insanidade.”

 

            Ou seja, se continuar fazendo as mesmas causas, colherá sempre os mesmos efeitos, ainda que mude a data do calendário...

 

           Neste aspecto, a recitação diária do daimoku (Nam-Myoho-rengue-kyo), o empenho no estudo do Budismo e a prática do chakubuku (apresentar alguém ao budismo), produz mudanças profundas em nosso interior, moldando-o para a realidade tal qual desejamos.        

 

           Pense nisso...E Feliz  Mente-Nova!

 


AS NOVE CONSCIÊNCIAS



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As nove consciências compreendem nove formas de percepção que possuímos a respeito do mundo e de tudo que o cerca. Sendo assim, as cinco primeiras consciências são emanações  dos cinco sentidos: visão, audição, tato, olfato e paladar.

sexta consciência representa a integração entre estes cinco sentidos, o que se dá por manifestações imediatas às percepções alcançadas por estes sentidos. Ex: ao  vermos um objeto bonito, mas com péssimo odor, tendemos a rejeitá-lo. É uma reação imediata e quase instantânea ao sentido proporcionado pelo olfato.

sétima consciência é denominada MANAS em sânscrito, e representa o poder do pensamento. Aqui se desenvolve a razão, a capacidade de reflexão, de ir além da percepção formulada pelos cinco sentidos. Neste nível de percepção, os julgamentos são forjados à luz de experiências vividas no passado e de conceitos que aprendemos desde a infância. Vale lembrar que a sétima consciência é própria dos seres humanos, que possuem a capacidade de raciocínio.

Curioso que, ao escrever sobre a sétima consciência e sobre a formulação de crenças e conceitos, lembro de uma célebre frase de Nelson Mandela, em que ele diz: “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, podem ser ensinadas a amar.”

De fato, na sétima consciência, nasce o ódio, o preconceito, a arrogância e todos os tipos de apegos e ilusões. Mas também, é na sétima consciência que nasce a força, a determinação e a inteligência que pode ser direcionada para o avanço e bem-estar da humanidade.

Ocorre que, a consciência humana não se finda tão e unicamente na capacidade de raciocínio e reflexão, pois  além da sétima ainda temos mais duas outras consciências.

oitava consciência, também é chamada de ALAYA, o que em sânscrito significa repositório. Este nível de percepção é o que Sigmund Froid reconheceu como inconsciente. Isto porque é na oitava consciência que captamos e depositamos as impressões de todas as experiências vividas. Ocorre que, esta captação se estende do infinito passado ao infinito futuro e por isso, é na oitava consciência que se encontra o carma (seja ele bom ou ruim).

Certa vez, em uma percepção apurada da lei de causalidade, ouvi uma frase que dizia que o efeito sempre retorna para quem fez a causa. Desta forma, se a causa das ações, palavras e pensamentos que emanamos encontra-se em nós, o efeito certamente retornará para nós.

Entretanto, acima dos cinco sentidos e da integração entre estes cinco sentidos (sexta consciência), acima da nossa capacidade de raciocínio (sétima consciência) e acima até mesmo do poder benéfico ou maléfico das inúmeras causas acumuladas desde o infinito passado, encontra-se uma consciência búdica, imaculada, limpa das impurezas oriundas dos três venenos (Ira, Avareza e Estupidez), livre das ilusões da escuridão fundamental e intocada pelo mau carma.

Esta é a nona consciência, conhecida como AMALA, o que significa imaculada, em sânscrito. Nitiren Daishonin nos mostra que a nona consciência é o próprio estado de Buda, ou seja, de iluminação, que se estende do infinito passado ao infinito futuro.

Em apertada síntese, a teoria das nove consciências aponta para a possibilidade real de transformação do destino, isso porque, para que consigamos transformar o carma, bem como para realizarmos a revolução humana, necessitamos  expandir nossa consciência a um nível que esteja acima do repositório cármico, ou seja, precisamos alcançar a nona consciênciaou o Estado de Buda.

 E alcançar a nona consciência, implica em perceber que a Lei Mística (Nam-myo-ho-rengue-kyo) é a real natureza de todos os fenônemos.


A TRANSFORMAÇÃO DO SOFRIMENTO




Nossa mente é como um espelho, e quando sofremos, este espelho fica embaçado. Só podemos enxergar claramente nosso reflexo em um espelho limpo.Desta forma, quando estamos diante de um grande sofrimento, precisamos, antes de mais nada limpar a nossa mente, afim de enxergar aquela situação que nos causa dor, sob um ângulo que nos permita transformar o problema, ao invés de apenas assistir passivamente  o desenrolar dos acontecimentos.

Certa vez ouvi dizer que  “as coisas tem valência zero”. Mas, o que de fato isto significa? Significa que somos nós quem valoramos os acontecimentos, através do nosso conteúdo interno.Ou seja, uma mesma situação pode ter interpretações diversas para diferentes pessoas, dependendo dos valores que carrega consigo.

Conforme observou Albert Einstein: “Nenhum problema pode ser resolvido pelo mesmo estado de consciência que o criou”Logo, a chave da mudança está na transformação da consciência. Fazemos causas constantemente, através de pensamentos, palavras e ações. Muitas destas causas foram originadas de estados de vida baixos, ou seja, no ciclo dos seis maus caminhos (Inferno, Fome, Animalidade, Ira, Tranquilidade e Alegria).

Não poderemos transformar essas situações agindo, pensando e falando no mesmo estado baixo de vida. Isso só nos enredaria no mesmo ciclo vicioso que gerou o carma, pois, na tentativa de transformar os efeitos das causas plantadas no passado, reproduziríamos novas causas, que por consequencia, gerariam novos efeitos.

A elevação do estado de vida ou do estado de consciência,é o único caminho para transformarmos de maneira eficaz os efeitos das causas que criamos no passado. Neste entendimento, o budismo de Nitiren Daishonin nos oferece um meio hábil para a elevação do nosso estado de vida ou de consciência: a recitação do Nam-myoho-rengue-kyo. Através da recitação do daimoku, do Gongyo, da prática do chakubuku (que consiste no ato de apresentar o budismo para outras pessoas), e da participação nas atividades da Soka Gakkai é possível criar um estado de vida capaz de observar os problemas sob um outro prisma e consequentemente transformá-los.