Gostaria de fazer uma
pequena ponderação sobre a palavra “fé”. Quando nos deparamos com este vocábulo,
temos a tendência de o associarmos à crença cega em dogmas religiosos. Dogma,
no caso, se refere a um conjunto de crenças impostas, para as quais não se
admite contestação. Desta forma, a palavra “fé” traz consigo o ranço do
fanatismo religioso, da crença cega, em oposição à ciência clara, lógica e
precisamente racional.
Sim! Todas as vezes em
que refletimos sobre a palavra fé, imediatamente imaginamos o seu oposto: a
ciência, a racionalidade absoluta fundada na observação, na análise e no
empirismo.
Outro dia, observando o
significado que o dicionário confere à palavra fé, me deparei com esta
definição: “Adesão absoluta do espírito àquilo que se considera verdadeiro.”("fé", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em
linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/f%C3%A9 [consultado
em 17-11-2014].)
Particularmente, considerei esta
definição perfeita, pois difere o conceito de “fé” da aderência à alguma crença
religiosa específica e associou o entendimento desta palavra ao conceito de
verdade. Logo, fé é a crença ou adesão aquilo que para nós é considerado como
uma verdade.
Para se tornar um cientista é
preciso ter fé! Não digo fé em uma crença religiosa ou divindade específica,
mas é preciso ter fé na ciência, entendendo-a como uma verdade. Para se tornar
um advogado ou juiz, também é preciso ter fé. Neste caso, é preciso ter fé na
justiça como uma possibilidade de convivência pacífica entre os homens. Para se
casar é preciso ter fé nos próprios sentimentos e nos sentimentos da pessoa com
quem se casa. Vou além, até para ser um político corrupto é preciso ter fé: a
fé na ideia do ganho fácil, passando por cima de qualquer conceito ético. Posso
ir um pouco mais além? Até para ser ateu, uma pessoa precisa ter fé: fé de que
não existe nenhuma divindade ou ser superior.
Nos tornamos aquilo que acreditamos:
a fé na ciência pode formar um cientista, a fé na justiça pode formar um juiz,
a fé na educação pode formar um professor.
E você? No que tem fé?
Nenhum comentário:
Postar um comentário