sexta-feira, 31 de dezembro de 2021

 


Olá. Sejam todos bem vindos e bem vindas ao Blog A Nona Consciência . Hoje eu vou falar sobre um conceito muito importante dentro da prática budista que é o Itinen Sanzen, ou a teoria dos 3 mil mundos em um único momento da vida. E por que a compreensão desta teoria é tão importante? Porque essa teoria é a base de toda construção teórica do budismo de Nitiren Daishonin.

Mas antes de iniciar o tema de hoje eu gostaria de pedir que se inscrevam no canal em nosso canal do Youtube, Sutra de Lótus:  https://www.youtube.com/channel/UCKKfisDZU29V8s0RvU3FHew . Lá temos vídeos com diversos conceitos do Budismo Nitiren. 

Bom, primeiro: como surgiu o Princípio do Itinen Sanzen??

No gosho carta aos irmãos, Nitiren Daishonin ensina: “Foi o grande mestre Tiantai Zhizhe que não apenas esclareceu os ensinamentos do Buda, mas também extraiu, do repositório dos cinco ideogramas do Myohorenguekyo, a jóia da realização dos desejos dos 3 mil mundos em um único momento da vida e a concedeu às pessoas das 3 nações” As 3 nações a que Daishonin se refere neste trecho são China, Índia e Japão.

Mais a frente, neste mesmo Gosho Nitiren esclarece:” A doutrina dos 3 mil mundos num único momento da vida, revelada no quinto volume de grande concentração e discernimento é especialmente profunda.”

Essas citações vc encontra na página 524, volume I da coletânea de escritos de Nitiren Daishonin.

Então, a teoria Dos Três Mil Mundos em um único momento da vida (itinen sanzen) foi elaborada por Tiantai na China, em sua obra Grande Concentração e Discernimento (Maka Shikan), tendo como base a “essência real de todos os fenômenos” contida no capítulo Meios (Hoben) do Sutra de Lótus.. O Itinen Sanzen foi a base teórica da construção do budismo Nitiren.

Quanto a etiologia do termo “itinen sanzen”: “itinen”, geralmente traduz-se como “um único momento da vida” ou “uma existência momentânea da vida”, significa também “uma única mente”, ou “único pensamento”. “Sanzen”, ou literalmente “três mil”, é indicativo de “três mil mundos” ou “três mil domínios.

Então segundo o princípio do Itinen Sanzen, em cada momento a vida está dotada de 3.000 funções ou de 3000 possibilidades. Mas como foi feito o cálculo para se chegar a 3.000 mundos?

O cálculo é feito da seguinte forma, vc pega os 10 estados de vida e multiplica por 10 Mundos. Pq? Porque o conceito do itinen sanzen abarca uma série de outras teorias que vou elucidar mais pra frente, mas uma delas é a da possessão mútua dos 10 mundos. Então até aqui temos 10 estados de vida vezes os 10 mundos, que é igual a 100 mundos. Depois vc multiplica esses 100 mundos pelos 10 fatores da existência.Então até aqui já temos 1000 funções. E por fim, onde esses dez mundos e esses 10 fatores vão se manifestar? Em um dos Três Domínios da Existência ou os 3 princípios da individualização ,que são o ambiente natural que vivemos, o ambiente dos seres vivos e o ambiente social.

Então fechamos a conta aqui de 3000 funções ou 3000 mundos em um único momento da vida.

Agora vou explicar cada uma das teorias que compõe o Itinen Sanzen, que compõe os 3 mil mundos em um único momento da vida.

Primeiro temos os 10 Estados de Vida ou os 10 Mundos, que são: Inferno , Fome, Animalidade, Ira, Tranquilidade, Alegria, Erudição, Absorção, Bodhsatva e Buda.Mas vamos dar uma relembrada nos 10 estados de vida: Inferno: é um estado caracterizado pelo desejo de destruição, de destruição de si, do seu ambiente ou de outra pessoa. O estado de inferno é permeado pelo sentimento de raiva, de ódio. E muitas pessoas acabam confundindo o estado de inferno com o de Ira. Pq no Budismo Nitiren a Ira não possui a mesma conotação do nosso dicionário. Mas já vamos chegar no estado de Ira. Depois temos o estado de Fome, caracterizado pela ambição desmedida, chegando até mesmo a uma compulsão: compulsão por comida, por compras, por roupas, por jóias, enfim, compulsão por ter cada vez mais mesclada a uma insatisfação crônica com aquilo que já se tem. Depois temos o estado de Animalidade, onde a pessoa é completamente controlada pelos instintos animalescos, sejam eles quais forem: sejam eles quais forem, por sexo, por brigas, dentre outros. Sabe aquela pessoa que é muito instintiva e pouco racional? É o estado de vida onde as pessoas temem os fortes e amedrontam os fracos. É como se a pessoa vivesse na lei da selva. Já O Estado de Ira indica a maldade, a perversidade, a vilania. Não é exatamente a raiva do estado de inferno. Um exemplo clássico da manifestação do estado de Ira é a competição. Quando vc necessita reafirmar sua superioridade sobre outras pessoas, nem que pra isso vc precise puxar o tapete delas, prejudica-las. Ex: chega um funcionário novo na empresa onde vc trabalha e vc já o enxerga como uma ameaça, como alguém que pode roubar seu cargo, seu emprego, sua posição na empresa, então vc começa a planejar formas de prejudicar aquele funcionário, seja difamando ele para seu chefe ou boicotando o trabalho dele, dentre outras coisas.

Depois temos o estado de Tranquilidade, que é também conhecido como o estado de humanidade. O próprio nome já denota o que significa estar nesse estado de vida. O problema deste estado é que essa tranquilidade é efêmera, pois essa “paz interior” conquistada neste estado não está alicerçada no estado de buda. Depois vem o estado de vida que as pessoas mais buscam que é o Estado de Alegria, que advém da realização de um desejo ou da superação de um problema. Este estado de vida é maravilhoso, o problema é que é efêmero. Ele dura até o próximo problema ou desafio que aparecer na vida da pessoa. Porque tanto o estado de tranquilidade quanto o de alegria dependem completamente de circunstâncias externas ao individuo. Ocorre que as circunstancias externas mudam constantemente. Então tanto o Estado de Tranquilidade quanto o Estado de Alegria não duram muito tempo.

Daí vem o Estado de Erudição, onde a pessoa busca satisfação através da aquisição de conhecimento, o que é maravilhoso, porque aqui a pessoa já adquire uma certa independência das circunstancias externas para alcançar a felicidade. Depois vem o Estado de Absorção, onde a pessoa alcança a satisfação não pela tentativa de absorver conhecimentos dos outros, mas de observar os fenômenos da vida. A gente tem até aquela lenda de que o Isaak Newton observou uma maçã cair no chão e descobriu a lei da gravidade. Eu falo lenda porque não sei se esse fato foi verídico. Mas esse seria um exemplo do estado de Absorção.

O problema dos estados de Erudição e Absorção é que neles a pessoa busca a satisfação apenas no seu próprio auto aprimoramento e fica centrada apenas em si mesma.

Então depois da Absorção, temos o Estado de Bodhsatva, que se manifesta na compaixão, no desejo de salvar outras pessoas dos sofrimentos.

E por último temos o estado de Buda. O Estado de buda é caracterizado pelas virtudes da sabedoria, coragem e benevolência. É o maior estado de consciência que um ser humano pode alcançar. Através da sabedoria do estado de buda a pessoa adquire completa compreensão da vida e de todos os fenômenos da vida e ela é capaz de enxergar que por trás de todos os fenômenos existe um princípio maior que no budismo denominamos de Myohorenguekyo.O Estado de Buda é um estado de consciência tão elevado, que nele a pessoa é capaz de encontrar satisfação só pelo fato de estar viva.

Um outro princípio que compõe o itinen sanzen é o "O princípio da possessão mútua dos 10 mundos", o qual elucida que cada estado de vida contém os outros 10. Isso explica porque a mente de uma pessoa possa oscila de um estado de vida para o outro.

Um exemplo da possessão mútua dos 10 mundos é que uma pessoa que neste momento se encontra no estado de inferno, ao recitar Nam myoho rengue kyo, alcança instantaneamente o estado de buda. Porque dentro do estado de inferno, que é um estado de profundo sofrimento, também está contido o estado de buda, que o estado de máxima felicidade que um ser humano pode alcançar.

Por isso eu falei no início do vídeo que o Itinen Sanzen foi a base da construção teórica do budismo de Nitiren Daishonin, porque Nitiren compreendeu através deste princípio, que não importando qual estado de vida em que uma pessoa esteja experimentando neste momento, ela pode alcançar imediatamente o estado de buda através da recitação do Nam myoho rengue kyo. E isso por sua vez é a base da revolução humana, pois todo processo de reforma interior, necessita de uma mudança de perspectiva com relação à realidade.

Um outro conceito que compõe o princípio do itinen sanzen é o dos 10 fatores. Os 10 fatores da vida são de nho ze so -aparencia, nho ze sho-natureza, nho ze tai- entidade, nho ze riki- poder, nho ze sa- influência, nho ze in- causa interna, nho ze em -relação, nho ze ka-efeito latente, nho ze ho- efeito manifesto, nho ze hon ma ku kyo to- consistência do início ao fim.

Vou dar um exemplo prático do entrelaçamento dos 10 fatores com os 10 estados de vida: uma pessoa no estado de inferno, possui uma aparência, um aspecto que revela seu estado emocional, essa pessoa também tem uma natureza, e de acordo com essa natureza, seja ela mansa, perversa, tranquila, agressiva, etc, ela manifestará o estado de inferno de uma forma. Essa pessoa que possui uma aparência e uma natureza constitui uma entidade, e essa entidade possui um poder o qual exercerá uma influência sobre a realidade. Como a pessoa do exemplo se encontra no estado de inferno, essa influencia será negativa, como já sabemos. Suponhamos que a pessoa do exemplo possua uma natureza agressiva e manifeste seu estado de inferno agredindo outras pessoas a sua volta. Essa postura agressiva vai gerar um efeito que poderá ficar na forma de latência, ou seja invisível, até se manifestar sob a forma de problemas visíveis. No caso da pessoa do exemplo, que está no estado de inferno e possui uma natureza agressiva, ela pode gerar efeitos como a demissão de um emprego, o fim de um relacionamento, ela pode responder a algum processo judicial por agressão, ou até acabar sendo presa etc... E isso acontece em cada estado de vida.

 Eu estou tentando dar exemplos práticos para que vocês possam compreender como em um único momento da vida existem 3000 possibilidades.

O Itinen Sanzen faz parte da existência, nós já vivemos ele a cada instante, ainda que não saibamos. Mas na prática, a compreensão deste princípio, nos revela o poder de decisão que cada instante nos oferece, partindo sempre da convicção de que todos nós possuímos de forma inerente o estado de buda. Dessa forma, podemos usar cada instante para revelar o poder do buda dentro de nós, criando causas e efeitos positivos que vão mudar nosso destino e influenciar todo o ambiente ao nosso redor.


segunda-feira, 1 de novembro de 2021

O QUE É O NAM MYOHO RENGUE KYO?

 


Olá! Gratidão por chegarem até ao Blog A Nona Consciência. No vídeo de hoje falarei um pouco mais sobre o daimoku, ou a recitação do Nam myoho rengue kyo, que é a prática principal do Budismo Nitiren. Lembrando que o canal Sutra de Lótus tem por objetivo elucidar conceitos do budismo de Nitiren Daishonin.

Mas antes de adentrar o tema de hoje, peço desde já que deixem se inscrevam em nosso canal do Youtube, chamado Sutra de Lótus. Lá temos diversos conteúdos sobre a prática do Budismo de Nitiren Daishonin. Para se inscrever, acesse: 

E se você ainda não pratica o budismo de Nitiren Daishonin, e deseja praticar, receber seu Gohonzon, que é o nosso objeto de devoção diante do qual realizamos as cerimonias de daimoku e gongyo dariamente, ou mesmo, se tem apenas curiosidade e deseja conhecer mais a fundo o budismo, acesse o site http://www.bsgi.org.br/e através do menu Fale Conosco entre em contato com a organização Brasil Soka Gakkai Internacional, onde você será redirecionado ao um núcleo mais próximo de sua residência.

Dito isso, vamos ao tema de hoje.

O Nam myoho rengue kyo é a lei fundamental que permeia todos os fenômenos do Universo. Esta lei foi elucidada por Nitiren Daishonin, mas não foi criada por ele. Pra quem não conhece, Nitiren Daishonin foi o sacerdote que fundou a escola budista que seguimos hoje, o qual consideramos como o buda original dos Últimos Dias da Lei. E Ultimos Dias da Lei corresponde à época em que estamos vivendo hoje.

Nam myoho rengue kyo é um principio basal que existiu, existe e sempre existirá. Ocorre que após longos anos de estudo de vários escritos budistas, Nitiren percebeu que o Sutra de Lótus continha a essência dos ensinamentos de Sakyamuni. E pra que não está habituado ao termo, sutra, corresponde aos registro dos ensinos orais de Sakyamuni, que foi o primeiro buda conhecido na história, que nasceu por volta de 463 antes de Cristo.

Nitiren compreendeu a superioridade do Sutra de Lótus, porque este indicava que todos os seres humanos, inclusive as mulheres, possuíam intrinsecamente o Estado de Buda. Digo isso, pois alguns ensinamentos pré sutra de lótus não acreditavam na possibilidade de iluminação das mulheres.

Então através do Sutra de Lótus, Nitiren descobriu o Myohorenguekyo, que sendo o título do Sutra de Lótus, também indicava a lei mística que permeava todos os fenômenos do Universo.

Ao adicionar o prefixo Nam, à lei Myoho rengue kyo, Nitiren abriu para toda a humanidade, a possibilidade de transformar seus sofrimentos, realizar sua revolução humana e atingir a iluminação, pois Daishonin compreendeu que a recitação diária do Nam myoho rengue kyo era capaz de despertar o Estado de Buda inerente em qualquer pessoa de maneira tão prática que qualquer pessoa, conseguiria se iluminar.

Dito isso, agora vamos elucidar o significado de cada um dos caracteres do Nammyohorenguekyo:

  • O prefixo Nam ou Namu vêm do sânscrito Namas – que significa reverenciar, que adquiriu o sentido de devotar-se.
  • MYO – Significa místico. Mas este místico não incorpora o sentido de algo mágico. Mas o sentido de que a vida vai além de nossa compreensão.
  • RENGUE – Significa flor de lótus. O significado desta flor foi incorporado aos ensinos budistas para expressar a lei de causalidade, pq a flor de lótus é a única que gera flor e sementes ao mesmo tempo. Isso porque quando você ora daimoku, você atinge imediatamente o estado de buda.
  • E por fim KYO : significa Sutra.

Então, a grosso modo: Nam myoho rengue kyo, significa: Eu me devoto à lei mística de causa e efeito do Sutra de Lótus. Eu disse a grosso modo porque sabemos da dificuldade de se realizar uma interpretação literal de um idioma para o outro.

Um ponto importante a esclarecer é o sentimento que você manifesta quando ora daimoku. Quando você recita Nammyohorenguekyo, você diz para o Universo eu me devoto à lei de Myohorenguekyo. Então, se você estiver orando Nam myoho rengue kyo, mas não estiver manifestando o sentimento de devotar a própria vida você vai gerar uma contradição, pois você diz para o Universo uma coisa, mas no fundo sente outra. Logo, tudo o que vai se manifestar em sua vida será contraditório e inconsistente.

Ainda sobre o sentimento que se deve ter ao recitar o daimoku, consta em um trecho do romance Nova Revolução Humana, em que uma senhora pergunta a Shiniti Yamamoto o pseudônimo do presidente Ikeda: "Orar ao Gohonzon é como dialogar com o Buda. Por isso, mantendo profundo respeito no coração, seja sincera com o Gohonzon. Ore com toda sinceridade por tudo o que você deseja para vencer as dificuldades e realizar seus objetivos. O Gohonzon vai ouvi-la com benevolênica. Nos momentos de tristeza, amargura ou sofrimentos, abrace o Gohonzon com sua firme oração, como uma criança que busca a proteção da mãe. Recite daimoku como se estivesse dialogando  e transmita tudo o que se passa com você ao Gohonzon. Assim, depois de algum tempo, mesmo o sofrimento do estado de inferno desaparecerá como o orvalho sob o calor do sol. Quando perceber o próprio erro, reflita sinceramente e corrija a si mesma. Decida não repetir o mesmo erro e assinale uma nova partida em sua vida."

Ou seja, devemos orar com a maior naturalidade possível, sem querer forçar ser alguém que não somos. Até porque quando oramos daimoku, o realizamos para alimentar nossa própria condição de buda e não para suplicar por algo para uma entidade transcendental.

Outro aspecto importante que ressaltamos sobre prática no Nammyohorenguekyo, é que oração sem ação não produz resultado.

Certa vez, o presidente Ikeda orientou um agricultor que havia fracassado em suas colheitas:

"É um grande erro pensar que terá uma colheita farta só porque está se empenhando na prática da fé. O budismo é um ensinamento da masi suprema razão. Portanto, a força de sua fé deve se manifestar no estudo, no planejamento, na criatividade e nos esforços redobrados. A recitação do daimoku com toda a seridade é a fonte da energia para enfrentar esses desafios. O daimoku do senhor deve ser um juramento.

-Juramento? - perguntou o homem. Ninguém nunca ouvira falar de tal conceito.

-Sim, um daimoku de juramento  - respondeu Shin'ichi. - Significa fazer um juramento expontâneo e orar para cumpri-lo.

Shin'ichi Yamamoto prosseguiu dizendo com mais ênfase:

-Em se tratando de oração, existem naturalmente várias formas de orar. Alguns oram para que tudo caia do céu, sem que tenham que se esforçar. A religião que incentiva esse tipo de oração conduz às pessoas à ruína. No Budismo de Nitiren Daishonin a oração é originalmente um juramento e sua essência é o Koffen-rufu. Em outras palavras, essa oração significa recitar o daimoku com a seguinte determinação: "Eu vou realizar o Kossen-Rufu do Brasil. Para isso, vou mostrar uma prova irrefutável em meu local de trabalho evidenciando as minha melhores habilidades." É assim que nossas orações devem ser. Com essa disposição precisamos estabelecer objetivos claros do que desejamos realizar a cada dia, e orar e nos desafiar para concretizá-los. É dessa séria determinação que surgem a sabedoria e a criatividade que levam ao sucesso.Em síntesem para vencer na vida precisamos de decisão e oração, esforço e planejamento. É um erro ficar a espera de um lance de sorte ou de uma oportunidade de enriquecer fácil e rapidamente. Isso não é fé, é mera fantasia."

Ou seja, o Nammyohorenguekyo, é o ponto de partida. Mas é preciso agir, planejar, tomar decisões, para que seus objetivos sejam concretizados.

Uma dúvida que algumas pessoas podem ter é quanto à quantidade de objetivos lançados em uma oração: se devo orar por um objetivo de cada vez até que ele se concretize ou se posso orar por vários objetivos de uma só vez. Não existe uma regra quanto a isso. Você deve lançar objetivos de acordo com sua necessidade e urgência para manifestar suas metas ou transformar determinado aspecto de sua vida.

Outra questão que também pode incomodar algumas pessoas é se é errado orar só para si mesmo ou se devo orar também pelos outros. O presidente Ikeda sempre enfatiza a naturalidade nas orações. Então se naquele momento você possui um problema pessoal e precisa resolvê-lo, ok, ore por isso. Na medida que seu estado de vida for se elevando ou se expandindo, você naturalmente vai orar pela felicidade dos outros e de toda humanidade também. Só abrindo um parêntesis, para quem caiu de para quedas neste post e não entende quem é o presidente Ikeda, o qual também chamamos de Ikeda sensei, ele é o atual presidente da Soka Gakkai Internacional (que traduzindo para o português seria Sociedade para Criação de Valores), que é uma ONG de origem japonesa ligada à Organização das Nações Unidas e que tem por objetivo difundir os princípios de paz, cultura e educação através da prática do budismo Nitiren.

Existem pessoas que fazem listas de desejos, que escrevem seus objetivos em um caderninho (inclusive eu). Se para você isso é funcional, está dando certo, tudo bem, continue. Mas deixo claro que esse método não é obrigatório.

Quanto ao tempo de daimoku que devemos orar, se existe um tempo limite definido, o presidente Ikeda também não estabeleceu regras. Tudo vai depender de sua rotina, disponibilidade, e também do tamanho do objetivo que deseja alcançar ou da dificuldade que precisa vencer. Se você percebe que possui efeitos kármicos muito densos nesta existência é importante que se empenhe ao máximo na prática da fé para transformar os aspectos negativos de sua vida.

E para quem ainda não tem o Gohonzon? Como essa pessoa deve orar?

Se você ainda não possui o Gohonzon, oriento que sente-se diante de uma parede lisa e concentre-se em um ponto fixo e inicie a recitação do daimoku. Algumas pessoas costumam orar diante do local onde deseja consagrá-lo.

E para quem nunca ouviu o daimoku, no Youtube existem diversos vídeos com a recitação do Nammyohorenguekyo, existem vídeos com o daimoku recitado rápido ou lentamente, durante 15 minutos, meia hora, uma hora. Existem vídeos também com a recitação do Gongyo.Eu vou deixar linkado aqui um vídeo com a recitação do daimoku para que possa ouvir o orar junto: https://www.youtube.com/watch?v=N-L6vsIOnlk&t=10s

Um último ponto importante a se elucidar é que a recitação do daimoku e gongyo trata-se de uma cerimônia. Então é importante usarmos roupas adequadas para realizar essas cerimônias. Não precisa se arrumar para um evento social, mas pelo menos se vestir de forma apresentável como se fosse receber uma visita em casa, ok?

Então este foi o post de hoje. Espero muito que este vídeo tenha elucidado a dúvida de muitas pessoas. Eu escrevi esse roteiro pensando basicamente nas pessoas que nunca ouviram sobre o Nam myoho rengue kyo ou que estão iniciando a prática da fé agora. Mas espero que ele também possa ter esclarecido dúvidas e fortalecido a fé e convicção de quem já pratica o budismo Nitiren.

Um grande abraço e até a próxima.

 

 

 

 

 

 

quinta-feira, 23 de setembro de 2021

Shitei Funi - Unicidade Mestre e Discípulo


 

Olá!Gratidão por chegarem até aqui ao Blog "A nona consciência". Hoje eu estarei conversando com vocês sobre um conceito muito especial no Budismo de Nitiren Daishonin, chamado Shitei Funi. Mas antes de iniciar o vídeo de hoje, peço desde já que acessem nosso canal do Youtube: 

https://www.youtube.com/channel/UCKKfisDZU29V8s0RvU3FHew

Lembrando que o blog Sutra de Lótus tem por objetivo difundir a prática do budismo da linha de Nitiren Daishonin, haja vista que existem outras correntes ou escolas budistas pelo mundo.

E para quem quiser praticar ou ao menos conhecer o budismo Nitiren, acesse o site: http://bsgi.com.br/ . Acesse a aba Fale Conosco e lá você será direcionado para uma organização mais próxima de sua casa.

Lá vocês serão direcionados a uma comunidade ou bloco mais próximo de sua casa.

Sem mais delongas, vamos começar o tema de hoje.

O termo shitei funi faz alusão a relação MESTRE E DISCÍPULO. No termo “shitei funi”, shi significa mestre, tei, discípulo e funi, inseparabilidade ou unicidade.  No mundo ocidental é difícil compreender a relação mestre e discípulo. Eu mesma, quando penso no assunto sempre me vem à mente os filmes Karatê Kid e O grande mestre, sendo que este último fala sobre a vida do mestre do ator Bruce Lee. Então para nós ocidentais é mais fácil aceitar a relação mestre e discípulo quando é adaptada para as telas de cinema, do que na vida real, onde tendemos a encarar ao conceito shitei funi com certa desconfiança.

Nas escolas e faculdades do ocidente tendemos a ver o professor apenas como alguém dotado de algum conhecimento específico, que está acima de nós, por saber coisas que não sabemos. Dificilmente tendemos a ver o professor como um mestre. Eu lembro que quando tinha por volta de 14 ou 15 anos, eu fiz um curso de judô na escola. Mas eu via o instrutor de judô, apenas como um professor, ou seja, como alguém que conhecia a técnica de uma arte marcial, mas não o via como um mestre.

Já os ensinamentos budistas são tradicionalmente repassados aos discípulos por um mestre. Essa relação mestre e discípulo na experiência da prática budista, começou com o buda Sakyamuni ou Sidarta Gautama, que após atingir a iluminação, buscou seus companheiros, com quem manteve práticas ascéticas durante anos, e estes se tornaram seus primeiros discípulos.

Nos capítulos Hoben e Juryo que nós praticantes recitamos de manhã e à noite, vemos um exemplo da relação mestre e discípulo, quando Sakyamuni transmite a Sarihotsu ou Shariputra, considerado um de seus discípulos mais inteligentes, a profundidade do estado de buda.

A princípio pode parecer que o mestre está acima do discípulo e este último deve ser subserviente ao mestre. Entretanto, não é assim que funciona na prática a relação mestre e discípulo dentro da Soka Gakkai. Aqui, a relação se constitui em perfeita igualdade.

Segundo a edição 1983 de 18/04/2009 do jornal Brasil Seikyo: " Ele (no caso o mestre) é um orientador da prática do Budismo Nitiren. Em suas orientações são citados os pensamentos e frases de intelectuais e personalidades do mundo, e são observados do ponto de vista do ensinamento do budismo. Sua luta visa ao objetivo chamado Kossen-rufu. Para se aprender o budismo é necessário ter um mestre que ensina. Caso alguém aprenda o budismo por opinião própria, pode-se desviar da correta interpretação. Justamente para se evitar isto, é importante a existência de um mestre, da organização e de seus responsáveis. "

Durante muito tempo da minha prática budista eu senti dificuldade de compreender a relação mestre e discípulo. E acredito que muitos novos praticantes ou simpatizantes do Budismo Nitiren, devam sentir esta mesma dificuldade. Quando comecei a incorporar este conceito em minha vida, passei a me perguntar "qual é o momento em que o discípulo estabelece a relação shitei funi, ou unicidade mestre e discípulo?" Foi então que compreendi que essa relação se constrói quando o discípulo passa a crer no mesmo ideal do seu mestre. No caso do budismo Nitiren, o ideal de Ikeda sensei, e de todos os mestres que os precederam é o Kossen Rufu, ou seja, a paz mundial advinda da ampla propagação do budismo Nitiren.

Ainda Segundo a edição 1983 de 18/04/2009 página A8 do Jornal Brasil Seikyo:

abre aspas "No budismo, mestre é aquele que direciona nossa vida à felicidade e dedica-se junto com os discípulos pelo supremo ideal da paz mundial e felicidade de toda a humanidade. "fecha aspas

Então o momento em que o discípulo se une ao mestre em shitei funi é quando ele passa a lutar junto com o mestre pelo mesmo objetivo, pelo mesmo propósito.

Nitiren Daishonin, ao compreender com a própria vida a grandeza do Sutra de Lótus, transmitiu-o a seus discípulos como Nikko Shonin, Shijo Kingo, Nanjo Tokimitsu, os irmãos Ikegami, a monja leiga Sennichi e seu marido Abutsu-bo , dentre outros, para os quais Nitiren escreveu inúmeras cartas ou goshos, sempre os orientando a respeito da condução correta da sua prática budista. Em seus goshos também é possível ver como Daishonin comemorava e exaltava as vitórias obtidas por seus discípulos ao seguir seus conselhos e ensinamentos.

No caso da Soka Gakkai, Trunesaburu Makiguti, desejando construir uma sociedade de valores humanos, transmitiu os ensinos do Sutra de Lótus, que até então ficavam restritos aos templos budistas, a outros discípulos, dentre eles Jossei Toda. E este último transferiu-os, dentre outras pessoas, ao atual presidente da Soka Gakkai, o dr Daisaku Ikeda.

Nós, da Sokka Gakkai temos como nosso mestre o dr Daisaku Ikeda a quem chamamos de Ikeda sensei. Por que? Porque foi o dr Daisaku Ikeda quem realizou o sonho de seu mestre Jossei Toda, de transmitir os ensinamentos do budismo Nitiren para vários países do mundo.Por conta de sua ação corajosa e benevolente, Ikeda Sensei permitiu que milhares de pessoas no mundo inteiro pudessem mudar o rumo de sua existência, transformando seus karmas e se tornando felizes. Inclusive eu, que de uma pessoa solitária, triste, desempregada, que morava em um local perigoso, passei a empresária, feliz e muito bem casada, morando em um lugar paradisíaco e atuando na organização Soka Gakkai com companheiros maravilhosos.

Desta forma, quando construímos a relação shitei funi com Ikeda Sensei, saímos da condição de pedintes e mendicantes que necessitam da ajuda das divindades celestiais, para a posição de bothisatvvas da terra, ou seja, daqueles que salvam outras pessoas, pois junto com nosso mestre passamos a lutar pelo ideal do kosssen rufu.

Vale lembrar que a relação mestre e discípulo é eterna, não é necessário que mestre e discípulo vivam na mesma época e no mesmo lugar. Por exemplo: ao ler os Goshos, uma pessoa pode construir uma relação mestre e discípulo com Nitiren Daishonin, pois alimenta em seu coração os mesmos ideais de Nitiren. O ler as orientações do presidente Ikeda, uma pessoa pode construir com ele uma relação mestre e discípulo, ainda que esteja a quilômetros de distância um do outro.

A despeito da profundidade da relação mestre e discípulo, ela pode ser construída de maneira muito mais simples do que você imagina, e é possível que um novo praticante budista ou um simpatizante, já tenha construído o shitei funi sem saber. Ex: quando você recorre aos escritos de Ikeda sensei para obter uma orientação sobre o que fazer em determinado momento de sua vida. Ou quando você ensina o nammyohorenguekyo para outra pessoa, realizando assim o shakubuku. Neste momento você se uniu em mente e espírito ao seu mestre.

Segundo o presidente Ikeda orienta: “Não há nada mais belo para um ser humano que os laços de mestre e discípulo. Não existe nada mais forte. A unicidade de mestre e discípulo é a essência do budismo. Mas devemos nos lembrar que um mestre não é um ser superior; mestre e discípulo são companheiros que se empenham juntos na vida real para alcançar um mesmo ideal”.

No dia a dia, viver o shitei funi significa atuar onde o mestre não puder estar, compartilhando seus ideais com outras pessoas. Na Soka Gakkai isso significa praticar o shakubuku, ou seja, ensinar aos outros a recitação do Nammyohorenguekyo, que é a lei fundamental que rege todos os fenômenos.

Desta forma construiremos uma sociedade pacífica e justa, tal qual os ideais do mestre Daisaku Ikeda e de todos os grandes mestres que os precederam.

Então esse foi o post de hoje. Espero muito que tenham compreendido o conceito de shitei funi. Se gostaram não deixem de se inscrever em nosso canal.



Um forte abraço e até o próximo vídeo.



domingo, 5 de setembro de 2021

Benefícios Visíveis e Invisíveis

 


Olá, sejam bem vindos ao blog A nona consciência. Hoje eu vou estar falando sobre um tema muito importante dentro do budismo que são os benefícios conspícuos e inconspícuos, também chamados de Kenyaku e Myoyaku.

É um conceito crucial na prática budista, para compreendermos como e de que forma nossas orações são respondidas.Mas antes de iniciarmos o tema de hole, desde já eu peço que se inscrevam em nosso canal do Youtube, Sutra de Lótus, acessando: https://www.youtube.com/channel/UCKKfisDZU29V8s0RvU3FHew


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Se tiver alguma dúvida, sobre conceitos budistas ou sugestões de tema, entre em contato por nosso email: sutradelotusnitiren@gmail.com

E se deseja ingressar na Soka Gakkai, a maior organização do mundo que difunde o budismo Nitiren, acesse: http://www.bsgi.org.br/ , acesse o menu Fale Conosco, que rapidamente você será direcionado para uma organização próxima de sua casa.

Em primeiro lugar temos que levar em consideração que o objetivo maior de uma religião ou de um conjunto filosófico sistematizado deve ser a felicidade de seus praticantes.

Um dos conceitos budistas utilizados para determinar a validade, a supremacia e a integridade de uma religião é o das “Três Provas”: a documental, a teórica e a real.

Segundo Nitiren Daishonin: “Para julgar o mérito das doutrinas budistas, eu, Nitiren, acredito que os melhores padrões são o da razão e o da prova documental. Mas a prova real é ainda mais valiosa que ambas.”

No budismo, a prova real sobre a qual mencionou Daishonin, diz respeito a comprovação real da prática , que se manifesta sob duas formas de benefícios: conspícuos e inconspícuos.

Segundo o dicionário, conspícuo enquanto adjetivo constitui algo "claramente visível; facilmente notado; que salta à vista. " Enquanto inconspícuo denota algo "difícil de ver, distinguir ou notar; que não chama atenção. "

Desta forma, os benefícios conspícuos dizem respeito a benefícios e melhorias que a devoção ao budismo de Ntiren Daishonin pode proporcionar a vida de seu praticante, tais como melhorias na saúde, na condição financeira, nos relacionamentos e por aí vai. É quando o praticante ora daimoku ou seja, recita o Nam myoho renguekyo para algum objetivo específico e consegue manifestar aquele sonho, aquele propósito.

Enquanto benefícios inconspícuos dizem respeito a benefícios que são imperceptíveis no momento presente, ou seja, que se encontram no estado de latência, mas que em algum momento futuro, ou gradualmente se manifestarão.

Na escritura

Ensino, Prática e Prova”, Nitiren Daishonin afirma: “Aqueles que obtiveram o benefício durante os Primeiros e Médios Dias da Lei receberam benefícios ‘conspícuos’, pois a relação que estabeleceram com o Sutra de Lótus no transcurso da existência do Buda, finalmente havia amadurecido. Por outro lado, aqueles nascidos atualmente, nos Últimos Dias da Lei, receberam a semente do estado de Buda pela primeira vez, e o benefício deles é, portanto, inconspícuo.” (END, vol. 4, pág. 235.)

Porque no Budismo acreditamos que na medida em que realizamos causas, através de pensamentos, palavras e ações, produzimos efeitos. Alguns desses efeitos se manifestam logo, outros podem demorar um tempo para se fazerem notar. Exemplo: você difamou uma pessoa. Essa pessoa pode vir tomar satisfações com você assim que se tornar ciente da difamação que foi proferida contra ela, neste caso o efeito se manifestou rápido. Ou essa pessoa pode mover uma ação contra você por difamação e neste caso você só receberá o efeito da causa plantada daqui há algum tempo, tendo em vista todo o processo burocrático que envolve uma ação judicial.

Da mesma forma que ocorre com as causas negativas, também ocorre que as causas positivas. Quando você inicia sua prática no budismo de Nitiren Daishonin e começa a realizar o daimoku, o gongyo, começa a estudar, fazer shakubukus, que é o ato de ensinar o Nam myoho rengue kyo a outras pessoas, você começa a realizar causas positivas. Algumas delas florescerão em sua vida de maneira visível, através de melhorias em diversas áreas, como a conquista de um bom emprego, a cura de uma doença, a compra de sua casa própria (se esse for seu sonho), um bom relacionamento e assim por diante. Os benefícios conspícuos também podem ser manifestados quando estamos passando por uma grave dificuldade e através de nossa oração sincera ao Gohonzon (nosso objeto de devoção), com a recitação do daimoku, conseguimos obter sabedoria e boa sorte suficientes para transformar aquela situação negativa.

Já com relação aos benefícios inconspícuos, Conforme se encontra em Edição do Jornal Brasil Seikyo:edição nº 1673, 26/10/2002, página A6

"O benefício inconspícuo pode ser comparado ao crescimento de uma planta a partir da semente. É natural que seu desenvolvimento até se tornar uma frondosa árvore leve muitos anos, enfrentando e ultrapassando as mais variadas intempéries. Embora seu crescimento diário seja totalmente imperceptível, com o passar dos anos ela poderá exibir toda a sua exuberância. Similarmente, no momento em que abraçamos o Gohonzon dos Três Grandes Ensinos Fundamentais e iniciamos a prática, o grandioso benefício da nossa revolução humana não se manifesta repentinamente.

Embora não seja perceptível uma mudança de um dia para o outro, por meio de uma contínua e

sincera prática da fé, tal como a água corrente, certamente poderemos realizar nossa revolução humana e, conseqüentemente, receber extraordinários benefícios. Portanto, o ponto fundamental é a continuidade da prática da fé, sem jamais ser derrotado perante as adversidades do dia-a-dia. '

Então os benefícios inconspícuos, ou seja, aqueles que não são facilmente perceptíveis dizem respeito aquelas pequenas gotas de boa sorte que acumulamos dia após dia, mês após mês e ano após ano de prática do budismo Nitiren. Esses benefícios crescem silentes, e em estado de latência vão se acumulando como as gotículas de água que formam o oceano. O benefício inconspícuo pode se manifestar após muito tempo de prática, em um instante de grande necessidade, na forma de proteção contra algum dano, por exemplo, ou pode simplesmente ser aquele momento em que você olha pra tras e percebe o quanto sua vida se transformou positivamente desde que começou a recitar o Nam myoho rengue kyo.

Mas, o maior benefício inconspícuo que uma pessoa pode manifestar é sua própria revolução humana. Este é um processo de auto aprimoramento que se desenvolve ao longo de toda a sua prática budista. É o momento em que o praticante se auto observa e percebe o quanto ele mesmo cresceu como ser humano desde que iniciou sua prática no budismo.

Ao final da leitura do capítulo Juryo do Sutra de Lótus, o Buda Sakyamuni diz: "Mai-ji sa-ze-nen I-ga-ryo-shu-jo Toku-nyu-mu-jo-do  Soku-jo-ju-bu-shin ", o que significa: "Medito constantemente: Como posso conduzir as pessoas ao caminho supremo e fazer com que adquiram rapidamente o corpo de um buda? "

Tal questionamento traduz o principal objetivo da prática budista ou seja a manifestação do estado de buda, ou da nona consciência. E esse objetivo só é atingido através do processo de revolução humana, que é construído quando nos tornamos seres humanos melhores, mais empáticos, mais compassivos, mais generosos. Em um mundo dominado pelo estado de Ira, tais atributos podem ser vistos como sinal de fraqueza, mas é na compaixão da nona consciência que se encontra a nossa força. É na compaixão na nona consciência que você cria causas positivas e ameniza o efeito das retribuições kármicas negativas do passado, através da prática do skakubuku.É na compaixão da consciência búdica que se realizam as transformações positivas pessoais, sociais e até mesmo mundiais. É no juramento de tornar todas as pessoas um buda que se cria um mundo melhor do que o que vivemos hoje.

Ademais, muitos benefícios inconspícuos ou invisíveis podem gerar benefícios conspícuos ou visíves, isso porque muitas transformações e melhorias em nossa vida podem ser oriundas de anos de boa sorte acumulada pela sincera devoção ao Sutra de Lótus como também do nosso próprio processo de revolução humana.

E o ponto fundamental para experienciar os benefícios da prática do budismo Nitiren, tanto os visíveis quanto os invisíveis está na manutenção da prática da fé por toda a vida, o que conhecemos como fé da água corrente. Não sabemos a extensão do nosso karma, pois não conhecemos quantas existências vivemos ou o que realizamos em outras vidas. Como disse Nitiren, a soma das nossas más ações mundanas poderá ser tão grande quanto o monte Sumeru.

Daí a necessidade de perserverarmos na prática da fé, mesmo diante dos atrozes ataques dos obstáculos e maldades , para que possamos transmutar as causas negativas criadas em existências pregressas ou nessa existência, e gerar causas positivas que se refletirão na forma boa sorte e proteção nesta vida e renascimento em boas circunstâncias na próxima.

Bom, então este foi o post de hoje, espero que tenham gostado e compreendido. Um grande abraço e até a próxima. 😊





domingo, 29 de agosto de 2021

Gosho Carta a Niike (Niike Gosho)


Olá. Gratidão por chegar até aqui. Hoje vamos falar sobre um dos mais importantes Goshos ou seja, cartas, escritas por Nitiren Daishonin que é o Gosho: Carta a Niike. Considero este Gosho relevante porque ele condensa uma série de conceitos do budismo Nitiren. Se desejarem ver mais matérias sobre o Budismo Nitiren, acessem nosso canal no Youtube:

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Eu separei algumas passagens do Gosho Carta a Niike, os trechos que considerei mais relevantes para explanar aqui com vocês. Não vou ler o Gosho na íntegra porque ele é muito extenso e o post acabaria ficando muito longo. E Na medida em que eu for lendo cada trecho, vou realizando a explanação dele.

Primeiro eu vou começar explicando o fundo de cena, quando, onde e pra quem essa carta foi escrita:

Nitiren Daishonin escreveu o Gosho "Carta a Niike" no Monte Minobu, em fevereiro de 1280, aos cinqüenta e nove anos de idade. Niike Saemon-no-jo, era um oficial samurai do governo de Kamakura. Ele e sua esposa Niike-ama se converteram ao Budismo de Nitiren Daishonin através de Nikko Shonin. Niike, mas parece ter sido um fervoroso seguidor de Nitiren Daishonin.

Resumidamente, nesta carta Nitiren Daishonin fala sobre a efemeridade da vida e sobre a importância de se manter a prática da fé até o último momento de sua vida.

Então agora vou começar a trazer os trechos que separei deste Gosho e em seguida vou fazer a explanação de cada passagem.

No início Daishonin diz: "Que felicidade é nascer nos Últimos Dias da Lei e poder compartilhar a propagação do Verdadeiro Budismo! Quão dignos de pena são aqueles que, embora nascidos nesta época não podem crer no Sutra de Lótus!’

Ninguém pode fugir á morte, uma vez nascido como ser humano; então, por que não praticar como preparação para a próxima vida? "

A prática da fé no budismo Nitiren garante boa sorte não apenas nesta existência mas também boas circunstâncias na próxima. E para viver no mundo Saha, mundo da resistência, cheio de conflitos e sofrimentos, o fator sorte se torna importantíssimo. Sobretudo se esse fator puder atuar em nossas próximas existências.

Quantas pessoas conhecemos que são super esforçadas, determinadas, trabalhadoras, talentosas, estudiosas e mesmo assim não conseguem alcançar seus objetivos? Ou mesmo podemos conhecer pessoas muito boas, altruístas, empáticas, generosas, mas que tem uma vida muito sofrida ou até mesmo acabam em um final muito trágico? Então a prática do budismo Nitiren embasada na recitação diária do daimoku nos proporciona a construção de uma imensa boa sorte através de benefícios visíveis e invisíveis que se manifestam continuamente nessa e nas próximas existências. 

Em outro trecho Daishonin explana:

"A soma das nossas más ações mundanas e do mau carma poderá ser tão grande quanto o Monte Sumeru mas, uma vez abraçando a fé neste sutra, desaparecerão como a geada ou o orvalho sob o sol do Sutra de Lótus Entretanto, se a pessoa cometer mesmo uma ou duas das catorze calúnias" mencionadas neste sutra, será quase impossível expiar o seu pecado. Matar um único Buda seria um pecado muito maior do que destruir todos os seres vivos do universo, e violar o espírito do Sutra é cometer o pecado de destruir todos os Budas. Aquele que incorrer em qualquer uma daquelas catorze, é um caluniador."

Não sabemos quantas existências tivemos até aqui e portanto desconhecemos a extensão do nosso karma. Entretanto, quando abraçamos a fé no Sutra de Lótus e recitamos o Nammyohorenguekyo diariamente, conseguimos atingir o estado de Buda ou a nona consciência, a consciencia amala, que por sua vez se encontra acima da oitava consciencia, alaya vijnana, que é a consciencia do repositório kármico, onde guardamos as impressões das causas que realizamos em existências passadas, assim como hábitos e experiências de outras vidas.

Ali,na oitava consciência, os efeitos de nossas más ações passadas ficam depositados em estado de latência. Esses efeitos são como sementes que vão influenciar as outras 7 consciências, como a sexta consciência que integra a percepção dos nossos 5 sentidos e a sétima consciência que é o nosso ego. As sementes do repositório cármico também influenciam nosso corpo, nossos hábitos, nossos processos biológicos e até mesmo psicológicos. 

O que nos leva a atrair e ser atraídos sempre para as mesmas situações, para os mesmos padrões de relacionamentos, para pessoas com os mesmos padrões comportamentais. Quando recitamos o Nam myoho rengue kyo, atingimos a nona consciência, a consciência imaculada, que não é tocada pelas sementes cármicas do passado. Por isso, conseguimos romper as amarras do nosso karma negativo e conseguimos gerar uma nova maneira de perceber o mundo, o que consequentemente se traduz em experiências mais positivas com a realidade que nos cerca, como conquista de objetivos, superação de situações difíceis em todos os níveis, e a quebra de padrões cármicos negativos. Você fica livre pra criar uma nova realidade, rompendo com as experiencias negativas repetitivas que conhecia até então.

O presidente Ikeda explica: “Um puro e límpido rio jorra das profundezas de nossa vida quando o nono nível de consciência é aberto. E todas as impurezas simultânea e imediatamente são varridas como detritos lavados da rua numa chuva de verão”.

Quanto às 14 calúnias que Nitiren menciona elas constituem Quatorze espécies de calúnias A verdadeira Lei ou aos seguidores, enumerados no Hokke Mongu Ki de Miao-lo, com base no capítulo Hiyu do Sutra de Lótus. Elas São: (1)arrogância, (2) negligência (3) julgamento arbitrário e egoístico, (4) entendimento superficial e presumido, (5) adesão aos desejos mundanos, (6) falta de espírito de procura, (7) descrença, (8) aversão, (9) dúvida deludida, (10) difamação (11) desprezo (12) ódio, (13) inveja, e (14) rancor. Essas calúnias não devem ser praticadas contra a Lei Mística nem contra seus seguidores, senão será muito difícil a pessoa erradicar o efeito maléfico de suas açõespassadas.

E Daishonin continua:

"O Inferno é uma moradia de fogo amedrontadora, e a Fome um lamentável estado onde pessoas famintas devoraram seus próprios filhos. Ira é contenda e discórdia e Animalidade é matar ou ser morto." 

Aqui Nitiren fala sobre os 4 maus caminhos que são o Inferno, Fome, Animalidade e Ira, que compõe os 10 estados de vida. Relembrando, os 10 estados de vida são: Inferno, Fome, Animalidade, Ira, Tranquilidade, Alegria, Erudição, Absorção, Bodhsatva e Buda. Então os 4 maus caminhos são estados de vida muito baixos, onde a pessoa manifesta um grau de consciência muito estreito. Por isso são os estados de vida onde as pessoas criam as causas negativas que vão repercutir em sua vida nesta ou em outras existências.

 Relembrando o estado de Inferno é una condição de profundo sofrimento, caracterizada por impulsos destrutivos, pelo desejo de matar ou morrer. O Estado de Fome é constituído pela ganância excessiva e pela ambição desmedida.Não é negativo você desejar melhorar sua condição de vida, o problema é quando você realiza isso imbuído pelo estado de Fome, quando você não tem controle sobre seu desejo de ter cada vez mais, nunca ficando satisfeito com aquilo que já possui. O estado de Ira no budismo Nitiren é caracterizado pela maldade, pela perversidade em si. A Ira dentro do contexto da prática budista não indica o ódio ou a raiva, como se encontra no dicionário. O ódio e a raiva no contexto do budismo Nitiren são sentimentos mais ligados ao estado de Inferno. A Ira indica sentimentos mais ligados à competição, à inveja, ao senso de superioridade, à perversidade...

Durante nossa vida, nós eventualmente vamos experimentar os baixos estados de consciência. O problema é quando você se identifica com eles e deixa que eles guiem suas atitudes, porque neste caso você estará criando causas negativas que vão te gerar sofrimento no futuro. Quando você por um acaso estiver experimentando esses estados de consciência mais baixos, como Inferno, Fome, Animalidade e Ira, se desconecte deles e observe-os de um estado de vida mais elevado. Como fazer isso??Através da recitação do Nammyohorenguekyo, que te permite elevar sua condição de vida até o estado de Buda.

Em outro trecho Nitiren orienta:

"Lute ainda mais pela fé e jamais seja derrotado pela negligência. Todos parecem crer sinceramente quando abraçam inicialmente o Sutra de Lótus mas, com o passar do tempo, tendem a dedicar menos; deixam de respeitar ou servir ao Sacerdote, e criam arrogantemente visões distorcidas. Este fato é o mais temeroso. Empenhe-se no desenvolvimento da fé até o último momento de sua vida. Caso contrário, arrepender-se-á. Por exemplo, a viagem de Kamakura a Quioto leva doze dias. Se viajar durante onze dias e parar antes de completar o décimo segundo dia, como poderá admirar a lua da linda capital? "

Aqui Nitiren fala que quando as pessoas inciam sua prática budista, elas são levadas pela empolgação, pelo entusiasmo, entretanto, com o passar do tempo, perdem a convicção e se deixam levar pela negligencia. Por isso ele adverte seu discípulo que mantenha a constância na prática da fé e para isso, usa uma metáfora da viagem de Kamakura a Kioto, que era a capital do Japão na época. A respeito deste trecho podemos falar sobre um outro princípio budista que é a fé de água corrente e a fé de chama ardente. 

Quando ascendemos uma fogueira por exemplo, as chamas crescem rapidamente e logo depois de consumido todo seu combustível, as chamas se apagam com a mesma velocidade com que subiram. Então A fé de chama ardente é aquela onde a pessoa abraça com muito entusiasmo o Sutra de Lótus quando se converte ao budismo Nitiren,tal como a chama da fogueira que cresce rapidamente, mas depois de um tempo, a pessoa começa a negligenciar sua prática budista, deixando de praticar o daimoku e o gongyo duas vezes ao dia todos os dias, deixando de estudar o budismo, de participar das atividades da Gakkai, tal como a chama que se apaga rapidamente. 

Já quando observamos um rio percebemos que suas águas seguem um curso de maneira constante. Da mesma forma, a fé de água corrente, é aquela em que a pessoa não se permite desanimar com o passar dos meses e dos anos. Ela mantém durante todos os seus anos de prática o mesmo entusiasmo de quando se converteu ao budismo. E é essa fé que precisamos manter. Não devemos parar nossa prática com a idéia de que já alcançamos nossos objetivos e não precisamos mais praticar o budismo. Isso porque não conhecemos a extensão de nosso karma. Parte dos efeitos negativos de nossas ações passadas já se manifestou ou está se manifestando neste instante.Mas uma parte ainda está em estado de latência, aguardando o momento certo para se manifestar. A manifestação do efeito cármico negativo pode ser observada em situações repetitivas, como em padrões de relações negativas que sempre se repetem, problemas que sempre reaparecem, sejam eles financeiros, de saúde ou familiares. Ou até mesmo em trajédias que se manifestam quando tudo parecia bem. Por isso precisamos manter nossa prática budista em dia, para não dar oportunidade para o karma negativo se manifestar, ou, caso se manifeste, que ele ocorra de maneira mais amena possível, nos dando a oportunidade de transformá-lo através da sabedoria e coragem oriundas da prática budista.

Mais adiante Daishonin orienta:

"Nas profundezas das Montanhas Nevadas vive um pássaro chamado Kankutyo que, torturado pelo frio paralisante, chora dizendo que fará um ninho na manhã seguinte. Todavia, quando o dia irrompe, ele se esquece das horas na luz morna da manhã, deixando de construir o seu ninho. Dessa forma, continua chorando em vão durante toda a vida. Isso também é verdadeiro com as pessoas. Quando caem no inferno e se sufocam em suas chamas, desejam renascer humanas e juram deixar tudo de lado para servir os Três Tesouros" (só um parentesesis, os tres tesouros aqui se refere ao tesouro do buda, da lei e do sacerdote que vou falar em outro vídeo) e atingir a iluminação na existência seguinte. Porém mesmo nas raras ocasiões em que renascem sob forma humana, os ventos da fama e da fortuna sopram com violência e a luz da prática budista é facilmente apagada. Sem qualquer escrúpulo, desperdiçam suas riquezas em insignificâncias, mas restringem mesmo a menor contribuição ao Buda, A Lei e ao Sacerdote. Isso é muito sério pois estão sendo influenciados pelos mensageiros do inferno. Este é o significado de "O bem aos centímetros convida o mal aos metros".

Aqui Nitiren esclarece como é raro renascer como ser humano. Então ao renascer na condição humana, que é a única condição, pelo menos no planeta Terra, que nos permite transformar os efeitos das causas negativas, que criamos no passado, não devemos desperdiçar essa oportunidade buscando apenas o contentamento em coisas efêmeras. Mas devemos nos dedicar a prática do budismo Nitiren para que possamos criar desde já boas circunstâncias para esta e para as próximas existências.

Mais pra frente Nitiren continua:

"Não importa o que venha a acontecer, mantenha sempre imperturbável a sua fé no Sutra de Lótus. Assim, no último momento da vida, o senhor será recebido por mil Budas que o levarão rapidamente ao paraíso no Pico da Águia onde experimentarás a verdadeira felicidade da Lei. O senhor não deverá reprovar-me caso sua fé enfraqueça e não atinja a iluminação nesta existência. Se o fizer, o senhor será como o paciente que recusa o remédio que o médico lhe receitou e em seu lugar toma o remédio errado. Jamais lhe ocorrerá que a culpa é sua, e ele culpara o médico por não se curar. A fé neste sutra significa que o senhor certamente atingirá o Estado de Buda se for fiel á totalidade do Sutra de Lótus seguindo exatamente os seus ensinos, sem acrescentar nenhuma de suas próprias idéias ou seguir interpretações arbitrarias dos outros.

Atingir o Estado de Buda não é nada extraordinário. Se recitar o Nam-myoho-rengue-kyo com a totalidade da sua vida, o senhor naturalmente ficará dotado das trinta e duas feições e oitenta características" do Buda. Sakyamuni afirmou: "No início jurei tomar todas as pessoas perfeitamente iguais a mim, sem qualquer distinção entre nós". Portanto, não é difícil tomar-se Buda."

Neste trecho mais uma vez Nitiren retoma a importância da fé no Sutra de Lótus. Aliás durante todo este gosho ele ressalta o quanto a fé é importante, até mais do que o conhecimento de todos os preceitos budistas. Ele também esclarece o quão simples é alcançar o estado de buda. Nitiren Daishonin, após muitos anos de estudos e visitas a vários templos, descobriu a essênia do Sutra de Lótus é o Nammyohorenguekyo e sua recitação seria uma maneira simples de alcançar a iluminação. Isso porque o objetivo de NDaishonin durante toda a sua trajetória de propagação do Sutra de Lótus sempre foi tornar o budismo acessível às pessoas comuns do povo, para que estas pudessem desfrutar da oportunidade de uma vida feliz. Porque antes o budismo, por ter se tornado uma prática muito complexa, ficava restrito aos templos e a alguns membros da elite japonesa. Então Nitiren desejou simplificar e disseminar a prática budista para as pessoas mais simples, que tinham pouco grau de instrução, pra que elas também pudessem atingir a iluminação.

Continuando com a leitura do Gosho, Nitiren diz:

"O ovo de um pássaro não contém senão líquido, mas dele se desenvolve um bico, dois olhos e todas as partes que formam um pássaro, e pode voar pelos céus. Nós também. somos como o ovo, ignorantes e vis, mas, quando nutridos pela recitação do Nam-myoho-rengue-kyo, desenvolvemos o bico das trinta e duas feições do Buda e as penas das suas oitenta características e ficamos livres para voar nos céus da realidade última. O Sutra do Nirvana afirma que todas as pessoas estão envolvidas pela casca da ignorância, faltando-lhe o bico da sabedoria. O Buda volta a este mundo, tal como o pássaro-mãe retoma ao seu ninho e quebra a casca para que todas as pessoas, como aqueles filhotes, possam deixar seu ninho e voar nos céus da iluminação."

Nesse trecho Nitiren esclarece que assim como o ovo possui o potencial de se tornar um pássaro, todos nós também possuímos o potencial para nos tornarmos budas. E esse potencial, que reside em nossa nona consicência, é ativado quando recitamos o Nam myoho rengue kyo.

Continuando, Nitiren diz:

"Conhecimento sem fé é uma descrição daqueles que podem ser versados no Sutra de Lótus mas não crêem nele. Essas pessoas jamais atingirão o Estado de Buda. Aqueles que tem "fé sem conhecimento" podem estar privados do conhecimento, mas eles crêem e podem atingir o Estado de Buda."

Nós sabemos e acho que já tenho vídeo aqui no canal, que os 3 pilares da prática budista são Fé, Prática e Estudo. Mas neste trecho Nitiren ressalta mais uma vez a importância da fé para se alcançar a iluminação. Tanto que ele ressalta que há pessoas que são versadas no Sutra de Lótus, mas não poderão atingir o estado de Buda porque não crêem nele, enquanto que há outras que não possuem tanto conhecimento sobre o Sutra de Lótus mas por crerem nele poderão atingir a iluminação.

Então, resumindo: Neste Gosho carta à Niike, Daishonin ressalta o quanto a vida é transitória, e o quão raro é renascer como ser humano. E que por isso não devemos perder nosso tempo buscando a felicidade relativa em coisas transitórias. Lembrando que felicidade relativa é um conceito que remete à sensação de contentamento pela conquista de algo transitório como um bem material, um emprego ou até mesmo a superação de uma situação difícil, como um problema financeiro ou de saúde. Enquanto que a felicidade absoluta consiste na alegria que é experimentada ao se atingir o Estado de Buda, a iluminação, a nona consciência. 

E essa felicidade é indestrutível porque o estado de Buda é o seu verdadeiro eu, é a sua verdadeira essência que esteve e sempre estará com você por todas as suas existências. Enquanto as conquistas que você obteve nessa presente existência como dinheiro, carro, casa, emprego, marido, esposa, são importantes também, mas são conquistas transitórias, elas tem um tempo determinado para acabar.

Neste Gosho, Nitiren também ressalta a importância de se manter uma fé contínua por toda a vida, não se deixando abalar por nada.

Enfim, nesta carta Daishonin mais uma vez nos traz orientações valiosíssimas e atemporais sobre como manter uma prática da fé que nos possibilite conquistar a felicidade por todas as nossas existências.

Gratidão por chegar até aqui e até mais!




domingo, 22 de agosto de 2021

O PODER DO BUDA E DA LEI, DA FÉ E DA PRÁTICA


Olá. Gratidão por chegarem aqui no blog A nona Consciência. Hoje vou abordar o tema sobre Os 4 Poderes no budismo, que consistem no poder do Buda e da Lei e no poder da Fé e da Prática. Se vc que ainda não é praticante do budismo Nitiren, mas deseja conhecer mais dessa incrível filosofia de vida e se juntar à Soka Gakkai, essa maravilhosa organização que propaga o budismo Nitiren pelo mundo, acesse o site www.bsgi.org.br, que é o site da Brasil Soka Gakai Internaiconal, e pergunte qual é o bloco ou comunidade mais próximo de sua residência, que rapidamente eles te colocam em contato com algum responsável da organização. Vou estar deixando também no final deste post o link para o vídeo com a recitação do Daimoku, que é a prática principal do budismo Nitiren, para quem ainda não conhece o budismo e não sabe como fazer. Mas, se você não é budista, pode praticar o Daimoku, sem problemas, o que consiste na recitação do Nam myoho rengue kyo.

Bom, o post de hoje é muito importante tanto para o estudo de quem está começando a praticar o budismo, e deseja conhecer os principais conceitos do budismo Nitiren, como também pra praticantes antigos, que alegam não estar conseguindo sentir os efeitos benéficos da sua prática, ou seja, acreditam que não recebem a resposta de suas orações.

Então vamos lá.

Os poderes do Buda e da Lei estão contidos no próprio Gohonzon, enquanto os poderes da Fé e da Prática estão contidos em cada praticante. Quando estes 4 poderes se unem, o praticante consegue concretizar seus objetivos, tendo suas orações respondidas e ainda atinge a iluminação, ou seja, o estado de Buda.


Eu vou citar uma orientação que o presidente da Soka Gakkai Internacional, Daisaku Ikeda, sobre o assunto publicada na revista Daibyakurengue:


"Em novembro de 1950, período da amarga adversidade da renúncia do Sr. Toda ao cargo de diretor-geral e quando a continuidade da organização estava em perigo, fortaleci minha fé com feroz determinação.

Como discípulo direto do Sr. Toda e como jovem, acreditei no infinito poder do Gohonzon e iniciei a luta para reverter aquela situação.

Em 17 de novembro, um dia antes do 20o aniversário de fundação da Soka Gakkai, escrevi no meu diário: “Percebi, profundamente, a necessidade da coragem e da fé. Nossos poderes da fé e da prática determinam tudo. O Gohonzon possui os poderes do Buda e da Lei. E somente por nossa própria fé provamos, testamos e adquirimos o grande poder da Lei suprema incorporada no Gohonzon”.


Mas, o que significam esses 4 poderes?


O poder do Buda representa a benevolência do Buda de salvar todas as pessoas, independente do que elas tenham feito em seu passado. No livro Preleção dos Capítulos Hoben e Juryo pg. 47, consta: "Na segunda metade do capítulo Hoben, Sakyamuni esclarece que a razão do aparecimeto do Buda no mundo é "abrir", "mostrar", "despertar" e "conduzir" as pessoas à sabedoria do buda que existe inerentemente em sua vida. E ao final do capítulo Juryo do Sutra de Lótus, o qual nós praticantes do budismo Nitiren recitamos duas vezes ao dia, o Buda Sakyamuni diz: "Mai-ji-as-ze-nen.I ga-ryo-shu-jo. Toku-nyu-mu-jo-do. Soku-jo-ju-bu-shin." o que significa"Medito constantemente: como posso conduzir as pessoas ao caminho supremo e fazer com que adquiram rapidamente o corpo de um Buda? "

O poder da Lei indica a ilimitada força da Lei Mística de conduzir todas as pessoas à iluminação. Quando falamos de Lei Mística, nos referimos à lei Myoho rengue kyo, que nós recitamos Nam myo ho rengue kyo, sendo o Nam um prefixo que indica devoção. Nitiren Daishonin, o buda original dos ultimos dias da lei, após anos de estudo, descobriu que a essência do Sutra de Lótus, e a prática principal capaz de conduzir as pessoas à iluminação é a recitação do Nam myoho rengue kyo. A respeito disso, o presidente da Soka Gakkai Internacional, Daisaku Ikeda, diz: "O Nam myoho rengue kyo é a fonte propulsora de toda a atividade universal, o som do grandioso ritmo do universo e também seu coração e sua essência".

Quando você quer chamar uma pessoa, você deve falar o nome dela. Da mesma forma, se você deseja convocar a Lei que permeia todos os fenômenos do universo e torná-la a força propulsora da transformação de seu destino, você deve chamar Nam myoho rengue kyo.

E como ativamos os poderes do Buda e da Lei?

Através dos poderes da fé e da prática, que estão contidos em cada praticante do budismo!

Quanto ao poder da Fé:

Em uma passagem do romance Nova Revolução Humana, consta: “Quanto mais forte for a nossa fé, maior será a proteção das funções budistas. No Gohonzon estão contidos os poderes do Buda e da Lei. E os benefícios desses poderes são extraídos por meio da nossa fé e da nossa prática, isto é, dos poderes da fé e da prática. Entretanto, existem pessoas que praticam, mas no fundo duvidam que seus objetivos sejam concretizados. Uma vez que oram com dúvidas, naturalmente nada se torna possível. O fator principal para produzir os benefícios é a inabalável fé no Gohonzon, além da gratidão, sinceridade e determinação. Diante do poder benéfico do Gohonzon, seus pedidos ainda são pequenos. Por isso, empenhem-se ainda mais na prática da fé e desfrutem grandes benefícios.”


A convicção de Nitiren Daishonin a respeito do poder a fé, pode ser constatada no Gosho: “Sobre a Oração”, onde ele diz:

Mesmo que fosse possível errar ao apontar a terra, que a maré não tivesse fluxo nem refluxo, que o Sol se

levantasse no Oeste, jamais aconteceria de as orações do devoto do Sutra de Lótus ficarem sem ser concretizadas.”

(Gosho Zenshu, pág. 1.351.)

Logo, durante a oração do daimoku, quando o praticante lança seus objetivos, ele não deve desenvolver qualquer tipo de dúvida quanto à sua capacidade de concretiza-los.

E quanto ao poder da prática?

A prática budista se divide em prática individual e prática altruísta. A prática individual consiste na recitação do Daimoku, ou seja, do Nam myoho rengue Kyo e do Gongyo, sendo este último, a recitação dos capítulos Hoben e Juryo diante do Gohonzon duas vezes ao dia. E consiste também no estudo do budismo para que possamos solidificar nossa fé e extrair o nosso máximo potencial.Já a prática altruísta consiste na participação nas atividades da Soka Gakkai, onde temos a oportunidade de trocar experiências, aprendendo e ensinando sobre o budismo aos outros e também na prática do shakubuku, que consiste em ensinar o Nam myo ho rengue kyo a outras pessoas.

Muitas vezes, sentimos dificuldade em obter resposta às nossas orações porque nos limitamos à prática individual, ou seja, em apenas recitar o daimoku e o gongyo em casa, deixando de ensinar o Nam myoho rengue kyo a outras pessoas, deixando de proporcionar a elas a possibilidade de transformar seus karmas negativos e sofrimentos através da prática budista.

Então muitas vezes a resposta às suas orações e a concretização de seus objetivos pode estar exatamente na prática do shakubuku. Porque ao realizar o shakubuku, você está manifestando a mesma benevolência do Buda, ou melhor, vc está manifestando a benevolência do estado de buda que existe em você.Lembra que no início do post eu falei que o poder do Buda consiste na benevolência do Buda em querer salvar toda a humanidade? Então, muitas vezes vc vai ativar o poder da benevolência do buda manifestando sua própria benevolência. Então propague o Nam myoho rengue kyo, converse com outras pessoas, use suas redes sociais e a internet como meio de ensinar o budismo para os outros.

Faça isso e vc vai ver como sua vida vai se transformar rapidamente (por experiência própria)!

Quando uma pessoa é capaz de manifestar o poder da fé e da prática, ela se torna capaz de invocar os poderes da Lei e do Buda incorporados no Gohonzon. É por meio dessa interação dos quatro poderes que as orações ao Gohonzon são concretizadas.

Então, se você já está praticando o budismo Nitiren há algum tempo, e não vê resposta às suas orações, verifique se você não está falhando em ativar o poder da Fé e da Prática. Exemplo: Se está existindo dúvida se seus objetivos serão concretizados ao orar o daimoku, ou se sua mente fica dispersa quando você ora, você não consegue focar em seus objetivos ou você nem sabe quais são seus objetivos.

Averigue também se está havendo falha na recitação diária do daimoku e do gongyo ou está havendo recitação insuficiente de daimoku. Exemplo: vc precisa transformar um karma de doença e só recita 2 ou 3 minutos de daimoku por dia.

Veja se você não está falhando no estudo do budismo, o que pode estar comprometendo sua capacidade de extrair o máximo potencial de sua prática.Ou se o problema está na prática altruísta, havendo, pouca ou nenhuma participação nas atividades da Soka Gakkai, ou então está falhando na prática do shakubuku, quando você se limita a recitar o daimoku e o gongyo na sua casa e não compartilha os ensinamentos budistas com outras pessoas. Lembre-se que no Gosho O verdadeiro aspecto de todos os fenômenos, Nitiren orienta:

"Exerça-se nos dois caminhos da prática e do estudo. Sem eles, não pode haver budismo. Deve não somente perseverar em sua fé, mas também ensinar aos outros. Tanto a prática como o estudo surgem da fé. Ensine aos outros com o melhor de sua habilidade, mesmo que seja uma única sentença ou frase." (Os Escritos de Nitiren Daishonin, vol. 5, pág. 8)


E eu vou concluir esse post com uma orientação do presidente Daisaku Ikeda: “Orar ao Gohonzon é totalmente diferente de uma fé dependente e suplicante; nós não imploramos a alguém por salvação ou ajuda de forma passiva e fraca. A oração no Budismo Nichiren é fundamentalmente um juramento. É o juramento ou o compromisso de seguir o curso de ação escolhido; é uma afirmação de desafiar um objetivo claro. Assim, como poderia haver algo mais maravilhoso que o juramento de concretizar a própria revolução humana e realizar o kosen-rufu com seu objetivo pela paz mundial?”.

Então esse foi o post de hoje. Espero muito que tenham gostado.

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